Me senti novamente numa daquelas votações na Câmara de Vereadores do Rio quando o azeitado lobby das empresas de ônibus entrava em ação em defesa de seus intere$$es. Não adiantava argumentar, demonstrar preto no branco. Havia uma maioria previamente armada e “acertada” para dizer qualquer coisa e votar qualquer coisa. No discurso grandiloquente, a redenção da agricultura brasileira, do pequeno produtor, da Pátria e tal contra uma tenebrosa conspiração estrangeira. Defesa da honra do Congresso e do Brasil. Na real, uma mal disfarçada anistia aos desmatadores e a promessa de futuras devastações nas APPs de matas ciliares e topo de morro por intermédio da decretação de “utilidade pública” ao alcance de qualquer prefeito ou câmara municipal dos mais de 5 mil municípios do país. A passagem de competências ambientais cruciais aos estados. Um novo ciclo de desmatamento que se abre para a vergonha do Brasil. Ele já está visível com o aumento brutal da devastação, sobretudo no Mato Grosso, com a simples expectativa ao novo Código.
A base do governo se esfacelou sob a liderança de Aldo Rebelo e Henrique Alves. De nada adiantaram as admoestações do líder do governo Cândido Vacareza. Este cometeu certas inabilidades no tom mas, não nos iludamos, elas não foram decisivas. Já estava tudo armado há tempos: isso era caro nos olhares vazios e nas frases de efeito papagaiadas pelos porta vozes da maioria de conveniência formada ali pelos métodos e prêmios que se advinha facilmente. Talvez nem todos os votos tenham tido essa motivação, mas que rolou, rolou. Na vida parlamentar brasileira a gente sente e percebe perfeitamente quando acontece. Ruralistas e fisiológicos impuseram uma gravíssima derrota à presidente Dilma Rousseff que prenuncia tempos muito difíceis de chantagens e truculências de uma direita econômica que redescobriu sua força de sempre na política brasileira: sua capacidade de cooptação usando as armas mais tradicionais à sua disposição.
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