Mas eu acredito que a democracia é dinâmica e pode evoluir; mais, que ela deve se “reinventar”. Aliás, a reinvenção da democracia é o único meio que temos para evitar o surgimento de alternativas autoritárias, messiânicas ou “salvadores da pátria”.
Porque, apesar de tudo, fora da política não há salvação. E foi por acreditar que a política é a principal ferramenta para a reinvenção da democracia é que nós decidimos fundar o Podemos.
Nosso partido quer resgatar os anseios democráticos da população, e da juventude em particular, que é o futuro do país. Anseios que os políticos tradicionais costumam desprezar.
Nós vimos milhões de jovens tomarem as ruas em 2013, em massivas e alegres manifestações, para exigir do governo melhores condições de transporte, saúde e educação. Não pediam o impossível, como em 1968; queriam só melhor qualidade de vida…
E se não houve respostas a estas demandas foi porque a forma como fazemos política está muito defasada. Não atende às reais necessidades da população. A política resume a um ritual: de quatro em quatro anos, o eleitor faz a sua escolha na urna eletrônica. Pronto; depois ele esquece! Na próxima eleição, nem se lembra em quem votou.
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Assim como não se contentam mais em apenas ler o noticiário, pois elas também querem opinar, as pessoas tampouco se satisfazem em votar de quatro em quatro anos. Elas querem cobrar ações dos políticos em que votaram; querem ver suas demandas contempladas nas decisões do Congresso Nacional. Como isso não acontece, as pessoas viram as costas para a política e para os políticos.
Preocupado com tal impasse, o Podemos se propõe a mudar essa realidade. Nós acreditamos, em primeiro lugar, que o resgate da res publica, da coisa pública, passa pela maior transparência do poder. O poder emana do povo, diz a Constituição.
Mas, para que o poder seja exercido realmente em nome do povo, é preciso primeiramente que ele seja transparente. Mais transparência, portanto, é a nossa primeira bandeira.
As outras bandeiras do Podemos são a participação cidadã e a democracia direta. Muitos críticos dizem que essas ideias são conceitos utópicos e idealistas; que seria impossível praticá-los em países tão grandes e populosos como o Brasil. Ou seja: participação e democracia direta só seriam possíveis em pequenas comunidades, como a polis da Grécia Antiga na época de Péricles, o pai da democracia.
Mas isso não é verdade. Hoje a maioria das pessoas está conectada por meio das redes sociais, no Facebook, no Whatsapp, no Instagram e em outras redes. Se, por exemplo, um político quiser saber a opinião de seu eleitorado sobre determinado tema ou sobre sua atuação, isso pode ser feito em segundos.
Temos ferramentas de participação formidável nas mãos! Usando as redes sociais, o Podemos está inaugurando uma prática inteiramente revolucionária: submeter à votação dos eleitores, via internet, determinados temas para saber qual posição deverá adotar na votação desses temas no Congresso.
Com o uso das novas tecnologias, o cidadão passa a participar das tomadas de decisões no dia-a-dia. Sua participação na política se tornará cada vez mais constante, não se resumindo à época das eleições. Com isso, a democracia se fortalecerá.
Para mim, um exemplo marcante dessa prática foi quando coloquei meu voto sobre a admissibilidade do processo contra o presidente Michel Temer para ser submetido à consulta à população.
Eu era pessoalmente favorável à admissibilidade, mas me comprometi a votar de acordo com a decisão da maioria. Quase 95% dos consultados se colocaram a favor do processo – o que me deixou muito feliz, pois minha posição coincidiu com a da maioria. Mas, se não coincidisse, eu votaria contra minha posição assim mesmo. Isso é respeito à maioria, respeito às regras do jogo democrático…
Nós do Podemos acreditamos que o Brasil está passando por uma difícil fase de transição, mas que temos todas as condições de reverter a grave crise econômica e política que estamos vivenciando.
Sim, é possível retomar o crescimento econômico, a geração de emprego e a distribuição de renda, melhorando a qualidade de vida do brasileiro.
Esse é um momento muito importante para o país. Eu acredito que 2017 é o ano de passar a limpo o Brasil e que 2018 será o ano da mudança. Temos que ficar felizes: pela primeira vez na história os políticos corruptos estão indo para a cadeia. Mais do que isso, a nossa juventude, que antes estava apática, passou a discutir política. Não tem como pensar no futuro sem a participação do jovem. É o jovem quem ocupará as cadeiras dos legislativos municipais, estaduais e federais.
O Podemos acredita que a mudança no Brasil não se trata de colocar pessoas diferentes no poder, mas um poder diferente em cada cidadão brasileiro para que ele seja protagonista das principais decisões do país.
A mudança passa pelo empoderamento de cada cidadão. Quando a gente entende que o problema está na nossa mão, aí nós temos como resolvê-lo. O Podemos devolve isso para o cidadão: ele tem que entender que a mudança começa por ele.
A política precisa se adaptar a essa nova realidade. É isso que o Podemos se propõe. Nós sabemos que não estamos sós neste propósito. No mundo todo, ganha força essa nova ideia de partido; a ideia de “partido-movimento”, guiado não por vanguardas iluminadas, mas pelos interesses de cidadãos que se tornam cada vez mais protagonistas.
O Podemos acredita que só o aumento da participação da população na política e a proliferação de ações de democracia direta evitarão que o eleitorado se desencante de vez com a democracia e passe a considerá-la supérflua.
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