O Movimento Ética na Política (MEP) de Volta Redonda está comemorando 15 anos de atividades. E tive a sorte de ser presenteado com convite para participar das comemorações, que se desenvolveram no clima daquilo que o MEP sabe fazer de melhor: educação e mobilização movidas pela esperança vivida em coletividade.
Trago comigo muitas lições dessa festa democrática. A começar pela recepção generosa proporcionada por Luiz Henrique, José Maria e Sócrates.
Logo a mesa da solenidade foi composta por um magistrado, Alexandre Pontual, um promotor, Luciano Sarkis, e um defensor publico, João Helvécio, integrantes dos três alicerces institucionais sobre os quais se funda a acessibilidade à Justiça. Além deles, vários representantes de organizações da sociedade civil, dentre os quais destaco a figura inspiradora do bispo emérito de Volta Redonda, Dom Waldyr Calheiros, e os Pastores Marcos Paulo e Paulo Pereira, das igreja Presbiteriana Independente e Metodista Central.
Após falar sobre a Lei da Ficha Limpa e os seus desafios futuros, me vi na contingência de tratar do modo como ela foi conquistada e da via pela qual está sendo defendida: a organização da sociedade brasileira dirigida a um propósito.
Lembrei-me de uma pergunta feita por uma jornalista na tarde daquele dia. Se já temos organismos sociais lutando há tantos anos por democracia e transparência, o que pode haver de novo em nossa marcha? Respondi que a novidade está na conclusão de que ninguém tem respostas prontas, que o futuro simplesmente ainda não existe e que será construído pela imposição de poucos ou pela predisposição para dialogar. Optamos pela segunda alternativa.
Estamos todos aprendendo a andar. Quando visitei uma fisioterapeuta em Brasília para falar sobre o problema que tinha no joelho, ela simplesmente decretou: “Você precisa aprender a andar”.
Foi o mesmo que ouvi em Volta Redonda nas palavras de Genival Silva, militante histórico, torturado durante a ditadura militar, que aos 80 anos completados recentemente ainda se vê aprendendo a andar.
As organizações sociais estão desfazendo as formas piramidais sobre as quais foram construídas, que concentravam poderes, atribuições e direitos nas pessoas dos seus dirigentes. Em substituição a esse modelo espalham-se as redes. Nele, as associações civis e movimentos contemporâneos são geridos coletivamente, de modo horizontal, distribuindo entre todos os componentes o saboroso papel de participar das decisões. Da mesma forma, essas entidades se unem a outras para, também sob a forma de redes, ampliarem seu potencial de impacto.
Os líderes institucionalizados e mesmo os carismáticos vão cedendo lugar a “lideranças adaptativas”, que não reclamam para si a palavra final, mas que se lapidaram na arte de coordenar ações e facilitar a geração de consensos. Assim fica mais fácil caminhar lado a lado. Estamos aprendendo.
Surgiu o assunto da juventude. Os jovens estão apáticos, indiferentes aos desafios? Concluímos que não. Imersos em ambientes virtuais e sociais, onde o fluxo de informação nunca foi tão expressivo, eles observam a tudo criticamente, recusando-se a participar de movimentos dos quais desconfiam. As alternativas pragmáticas que conquistaram as gerações anteriores nem os comovem, nem os mobilizam. Mas quando surge a oportunidade, lá estão aos milhares lutando pela moralidade na política, pelo meio ambiente saudável ou reivindicado o direito de opinar sobre temas complexos, como nas Marchas da Liberdade.
O debate foi, enfim, muito frutífero. De fato, estamos todos aprendendo a andar.
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