A menos de dez dias do segundo turno, a Via Campesina manifestou apoio, por meio de carta, à reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT). Formada por 15 entidades, entre elas o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a organização internacional de camponeses diz que a candidatura adversária, do tucano Aécio Neves, “significaria um retrocesso” em termos de políticas sociais.
“A Candidatura do Aécio Neves representa o projeto neoliberal entregue aos interesses do capital financeiro e internacional e que exclui a classe trabalhadora. Sua vitória significaria um retrocesso nas políticas sociais, maior criminalização dos movimentos sociais, mais privatizações em especial da saúde, educação e dos setores estratégicos da economia, promovendo a entrega dos bens naturais e maior concentração de terra”, afirma a entidade, com críticas ao novo Congresso, eleito em 5 de outubro.
Para a Via Campesina, a gestão Dilma “vem de um processo com vários avanços, resultado de diálogo com as organizações sociais”, e seria um contraponto à “composição do Congresso, onde a bancada ruralista, fundamentalista e conservadora aumentou ainda mais e bancada sindicalista reduziu pela metade – passando de 83 para 46 eleitos/as”.
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Leia a integra da carta:
“Nota da Via Campesina ao Povo Brasileiro Sobre as Eleições 2014
O Brasil está vivenciando, em seu recente período democrático, uma das mais acirradas eleições, onde se evidenciam a mais clara disputa entre dois projetos antagônicos de governo. De um lado, temos a Candidatura do Aécio Neves que representa o projeto neoliberal entregue aos interesses do capital financeiro e internacional e que exclui a classe trabalhadora. Sua vitória significaria um retrocesso nas políticas sociais, maior criminalização dos movimentos sociais, mais privatizações em especial da saúde, educação e dos setores estratégicos da economia, promovendo a entrega dos bens naturais e maior concentração de terra, com a nova composição do Congresso, onde a bancada ruralista, fundamentalista e conservadora aumentou ainda mais e bancada sindicalista reduziu pela metade – passando de 83 para 46 eleitos/as. Essa correlação de forças no Legislativo fará com que o próximo período seja mais duro para a classe operaria e camponesa.
PublicidadeO resultado da composição desse novo Congresso é reflexo da estrutura do sistema político que temos hoje no Brasil, com financiamentos privados de campanha, onde as grandes empresas, latifundiários e a grande mídia, a qual tem um papel hoje determinante no resultado das eleições com a manipulação das informações, são as beneficiadas, impedindo que a classe trabalhadora, em sua diversidade, seja representada nas diferentes instâncias de poder. Por isso defendemos que tenhamos uma Constituinte Exclusiva e Soberana do sistema político que possa mudar radicalmente a atual política brasileira, construindo uma política que esteja em prol do povo brasileiro.
Do outro lado, temos a candidatura da atual presidente Dilma Rousseff, que vem de um processo com vários avanços, resultado de diálogo com as organizações sociais, construindo direitos que deram visibilidade e dignidade às maiorias, melhorando as condições de vida desses milhões de trabalhadores e trabalhadoras que sempre estiveram excluídos/as nesse país. E que está disposta a fazer a luta junto com o povo brasileiro para a mudança do atual sistema político.
Nós, da Via Campesina Brasil, manifestamos a nossa decisão política de apoiar a candidata Dilma Rousseff e convocamos nossa militância a saírem às ruas em campanha. Acreditamos que não podemos permitir retrocessos nas conquistas que tivemos nesse último período e que isso acontecerá com uma possível “vitória” do candidato Aécio Neves.
Precisamos derrotar a candidatura neoliberal de Aécio Neves, pois ela representa as forças direitistas e fascistas do país. Devemos seguir organizando o povo para que lute por seus direitos e mudanças sociais, mantendo sempre nossa autonomia política frente aos governos, pois acreditamos que é preciso avançar mais na garantia nos direitos da classe trabalhadora. Por isso seguiremos em LUTA na reivindicação por nossas pautas históricas que precisam ser feitas, como a Reforma Agrária Popular, Democratização da Mídia, Reforma Tributária, Reforma Universitária, e a contínua construção de um Plano Camponês para que todos e todas tenham direito à alimentação saudável, e que deve começar pela a Reforma do atual sistema político, pois, sem uma profunda reforma estruturante, não se poderá garantir os direitos de toda a Classe Trabalhadora.
Vamos à Luta! Vamos reeleger Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil.
ABEEF – ADERE – APIB – CIMI – CONAQ – ENEBIO – CPT – FEAB – MAB – MAM – MMC – MPA – MPP – MST – PJR”
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