O assessor especial da Presidência da República Marco Aurélio Garcia disse não compreender por que o PT aceitou que se jogasse sobre o partido a responsabilidade pelo esquema de corrupção na Petrobras. “Não consigo entender como deixamos que se jogue em cima de nós o episódio da Petrobras”, afirmou. “Uma coisa é dizer que pessoas no PT se envolveram em malfeitos. Outra é tentar qualificar o PT como uma organização criminosa. Não estou de acordo. Não me considero criminoso”, acrescentou.
Para ele, o tema da corrupção “pegou” de forma “violentíssima”, principalmente por causa da crise econômica. Ele também criticou o PT por não ter conseguido montar sua própria rede de comunicação. “Acho extraordinário que um partido que obteve dezenas de milhões de votos não tenha sido capaz de instrumentalizar um meio de comunicação consistente. Criar. Não digo comprar, embora existam alguns à venda. Mas podia ter jornal, revista, seu canal de TV, rádio”, declarou.
Marco Aurélio defendeu a regulação econômica do setor. “Fico estarrecido quando se procura apresentar isso como um processo de censura. Propostas estão sendo implementadas nos EUA, no Reino Unido.”
Vaccari
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Na entrevista, o assessor especial defendeu que o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, deixe seu cargo e se licencie do partido por causa das denúncias de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. “Acho que ele deve se afastar porque é bom para ele e bom para o PT. É uma decisão pessoal. Se fosse eu, já teria pedido licença”, afirmou.
Marco Aurélio lembrou que se afastou da assessoria do ex-presidente Lula, em 2007, após ser visto fazendo um gesto entendido como comemoração ao assistir a uma reportagem do Jornal Nacional sobre um acidente aéreo da TAM. “A licença facilitaria a vida dele e do PT. Se dissesse que ele não cria problema, estaria mentindo. Mas se [Vaccari] fosse o grande problema que o PT está enfrentando, que maravilha”, ressaltou.
PublicidadeVaccari será ouvido na próxima quinta-feira pela CPI da Petrobras. Ele é réu em um dos processos da Operação Lava Jato e apontado por delatores, como o ex-gerente da estatal Pedro Barusco e o doleiro Alberto Youssef, como participante do esquema de corrupção desmantelado pela Operação Lava Jato. O petista nega envolvimento com as irregularidades.
Marco Aurélio avaliou que a crise política aprofunda a crise econômica e que o partido e o governo têm de reagir para reverter a atual situação. “O fracasso da presidente Dilma [Rousseff] é um fracasso de todos nós. De Lula, meu, do PT e de uma parcela importante da sociedade. Voltaria a velha elite. Muito ruim”, declarou.
Veja a íntegra na Folha de S.Paulo
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