André Figueiredo *
No início de 2015, após conflagrado processo eleitoral que dividiu o país, a Câmara dos Deputados deparou-se com uma eleição para presidente da Casa que comprometeu gravemente os destinos da atual legislatura. Antevendo os riscos que pairavam no horizonte, como então líder do PDT, alertei que a escolha provável que se desenhava naquele momento empurrava o Parlamento para um abismo.
Infelizmente, nem os piores prognósticos alcançaram vislumbrar o desgaste sofrido pela longa e tenebrosa noite que sobreveio à Câmara. A gestão que se finda teve a marca do sectarismo e dos interesses pessoais, obstaculizando pautas fundamentais para a sociedade e impondo temas e posições em detrimento do entendimento e do consenso. A Câmara e o interesse público foram reféns do autoritarismo e de manobras escusas usados para paralisar órgãos da Casa e impedi-los de cumprir seu papel institucional.
Temos agora a opção de virarmos a página ou prolongarmos a agonia do Parlamento brasileiro.
Transcrevo, abaixo, trecho do artigo que assinei às vésperas da última eleição para presidente da Câmara, que serve como uma luva para o momento que a Casa novamente enfrenta.
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“(…) O momento aponta para a necessidade de uma presidência da Casa que não faça oposição ao governo, visando desestabilizá-lo e, nem no outro extremo, que utilize a Câmara como correia de transmissão do Poder Executivo, fazendo do Legislativo um mero cartório carimbador dos projetos do governo. Mas pior cenário, ainda, seria a Câmara dos Deputados estar a serviço do interesse hegemônico de partido ou grupo que busque aumentar de forma insaciável, nos próximos dois anos, seu espaço de poder dentro do governo federal. O próximo presidente da Câmara precisará estar acima de tudo isso, demonstrando que suas preferências e rivalidades políticas não são maiores de que seu amor ao Brasil. (…)”
PublicidadeRelembre:
Os desafios da próxima legislatura
* Deputado federal pelo PDT do Ceará e ex-líder do partido na Câmara.
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