Ao Congresso em Foco, Virgílio Neto afirmou que “não foi informado aos membros da Mesa Diretora que a reunião do partido na segunda-feira (15) discutiria a saída do governo”. Segundo o secretário-geral, dos 13 presentes na reunião, nove foram favoráveis ao desembarque – cinco deles trabalham no gabinete do deputado federal Izalci Lucas, presidente local do partido. “Claro que eles iriam votar com o patrão”, ponderou.
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O racha no ninho tucano, segundo Izalci, se deve ao fato de que ficou determinado que todos os membros do partido ocupantes de cargos no Governo do Distrito Federal devem pedir desligamento “o mais rápido possível”. Izalci disse à reportagem que a decisão foi tomada por ampla maioria e que não teme interferência nacional na decisão.
“Não só Aécio, como Alckmin (governador de São Paulo) estão a par da decisão“, afirmou.
A decisão de sair da base do governo foi tomada na segunda-feira (19) em reunião na liderança do PSDB na Câmara dos Deputados. Ao todo, nove membros e o presidente local da legenda votaram pelo desembarque. Um membro foi contra – Virgílio Neto –, um se absteve e outros dois votaram por adiar a decisão para depois da escolha da nova Mesa Diretora do partido, marcada para maio de 2017. Virgílio atualmente é conselheiro do Metrô-DF e primeiro suplente de deputado distrital.
Nas contas de Virgílio, a decisão de sair ou não da base do governo Rollemberg divide o partido. “É meio a meio”, contabiliza. Na visão do secretário-geral do partido, porém, a decisão foi “precipitada” e tomada pelo grupo de Izalci – considerado, internamente, pré-candidato ao governo local em 2018 e interessado em fazer oposição ao governo.
Apesar das contradições, hoje, o PSDB não compõe a base de Rollemberg.
Leia a íntegra da carta enviada pelo partido a Aécio Neves:
“Ao Presidente Nacional do PSDB, Sen. Aécio Neves
No último dia 19, parte da executiva do PSDB DF se reuniu na liderança do PSDB na Câmara dos Deputados a convite do presidente, Dep. Izalci, onde foi decidido pelo rompimento com o governo do DF. Esta decisão me parece equivocada, pelos seguintes motivos:
1- Não houve convocação formal de reunião para tal decisão. O Presidente simplesmente colocou no grupo de WhatsApp na madrugada do dia 15/12: “Tive que administrar e tomar algumas decisões relevantes, agora. Não deu para consultar. Acabei agora os entendimentos. Vamos marcar uma reunião da executiva na segunda as 18:30 na liderança do PSDB na câmara, já que amanhã teremos votação até tarde, inclusive com votação do orçamento”.
Esta mensagem foi postada logo após ter havido um acordo entre o próprio presidente Izalci, o Governador Rollemberg e o Deputado Distrital Robério Negreiros para que este votasse no candidato do Governador à Presidência da Câmara Legislativa e ao mesmo tempo finalizando um acordo para a participação do PSDB-DF na base de apoio do Governo.
2- A executiva intervencionista provisória do partido, que não tem respaldo das bases, é composta por 15 membros, mais presidentes do ITV, Juventude e Mulheres, totalizando 18 pessoas.
3- Importante ressaltar que dos 9 votos favoráveis, 5 foram dados por membros da executiva subordinados ao Deputado Izalci que trabalham no seu gabinete, mais um voto foi dado por um membro que ocupou cargo no governo, porém foi exonerado quando houve a nova composição da atual comissão provisória. Ressalto ainda que o Deputado Distrital Roberio Negreiros, por motivos particulares, não pode estar presente. Portanto, uma decisão sem legitimidade.
4- O partido, que após as eleições internas de abril de 2015, saiu totalmente dividido, sofre agora nova fragmentação.
5- O Governador do DF deixou claro ao próprio presidente que estava mantido o acordo com o partido, porém devido a nova reconfiguração que terá que fazer após a eleição da mesa diretora da câmara legislativa precisaria de um tempo para organizar tudo, prazo esse que foi pedido até 09/01/17.
Portanto presidente Aécio, solicitamos que a Executiva Nacional do partido recomende Direção Regional uma discussão maior sobre esta questão e que esteja sintonizada com as bases do partido, deixando que tal posicionamento, se for o caso, seja tomado após as eleições que ocorrerão até maio de 2017, onde se haverá mais legitimidade e consequentemente mais legalidade.
Brasília, 21 de dezembro de 2016”