Em sua primeira entrevista coletiva à imprensa, concedida logo após tomar posse como ministro da Justiça, Torquato Jardim não respondeu diretamente se o diretor-geral da Polícia Federal, Leandro Daiello, responsável pela condução da Operação Lava Jato, será substituído. O tom das respostas às perguntas dos jornalistas era sempre incisivo. Sobre uma das maiores especulações e preocupações quanto ao futuro da Lava Jato, Torquato Jardim não garantiu a permanência de Daiello no comando da PF e não foi direto na resposta. “O mundo não é maniqueísta, preto e branco, sim e não”.
Diante da insistência dos repórteres quanto ao assunto, ele soltou: “Eu respondo daqui a dois, três meses, quando analisar melhor o quadro”. Questionado sobre sua experiência em segurança pública, Torquato Jardim disse: “Minha experiência é: eu fui assaltado e tive duas tias assaltadas”.
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No entanto, o novo ministro ressaltou que adotará o mesmo cuidado que teve no Ministério da Transparência. “Adotarei o mesmo cuidado, a mesma serenidade que adotei no Ministério da Transparência. Passei dois meses estudando o ministério”, disse.
O novo ministro refutou a intenção de barrar a Lava Jato e também que sua escolha estava atrelada a uma suposta influência sobre os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde será retomado o julgamento da cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer na próxima semana.
Minutos antes da coletiva, ainda durante a posse, o presidente Michel Temer (PMDB) ressaltou as qualidades de Torquato e, sem mencionar a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), o presidente disse que Torquato vai combater o “abuso de autoridade”.
“Sempre vejo a história do chamado abuso de autoridade. Como se abusar da autoridade fosse abusar do fulano de tal, que transitória e episodicamente, ocupa um cargo de autoridade. Não é isso. Quem tem autoridade no Brasil é a lei. Portanto, abusar da autoridade é violar a lei. […] Você, Torquato, com sua larga experiência profissional, democrática e política, poderá colaborar muito nesse instante que nós atravessamos”, disse em seu discurso.
O ex-ministro Osmar Serraglio não compareceu à cerimônia de posse de Torquato. Serraglio foi demitido por Temer na tarde do último domingo (28). No mesmo dia, o presidente anunciou que Torquato Jardim assumiria a cadeira de ministro da Justiça. O ministério antes comandado por Torquato, da Transparência, foi oferecido a Serraglio, que recusou o convite.
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