Roseann Kennedy*
Esta foi uma eleição diferente das anteriores. Eu vou listar três motivos que considero relevantes para esta afirmação:
1 – Nunca um presidente da República interferiu tanto numa campanha.
2 – O nível de erros nos dois núcleos da corrida presidencial foi altíssimo
3 – Houve um número maior de debates, mas um confronto menor de idéias.
Nesta campanha, o nível de politização foi praticamente zero. O que estava em discussão era meramente a apresentação da candidata do Lula e do candidato experiente.
O que eram os projetos ideológicos dos dois grupos rivais nesta corrida ao Planalto? Difícil encontrar a resposta. Até porque, o debate perdeu o rumo.
A discussão ficou centrada em pontos retrógrados de religião – em um Estado que deveria ser laico, como garante a Constituição. Perdeu-se também em meio à baixaria e troca de acusações, a boatos, desmentidos e informações contraditórias.
Na série de erros, José Serra cometeu uma sequência desde a fase da pré-campanha até o primeiro turno. Foram equívocos na demora da confirmação de seu nome, na escolha do vice, nos desentendimentos internos dos coordenadores políticos e no marketing ao tentar lançar a presidente “Zé ao lado de Lula” em vez de Serra o candidato da oposição.
Dilma Rousseff, por sua vez, ficou como coadjuvante o tempo inteiro. Quando tentou ser protagonista e se mostrou mais como é no debate da Bandeirantes – que teve um tom mais elevado -, terminou amargando os resultados mais preocupantes das pesquisas de intenção de voto no segundo turno.
A campanha Dilmista errou ao concentrar o poder no PT, na maior parte do tempo, gerando insatisfação dos aliados, principalmente o PMDB. Errou, mais ainda, ao subir no salto no fim do primeiro turno e já falar internamente até em divisão de cargos.
A partir das 19h, o Brasil começa a acompanhar o resultado das eleições e as pesquisas de boca de urna. Ainda não há previsão do horário em que o nome do próximo presidente será anunciado, mas a expectativa é de que antes das dez da noite já haja essa decisão presidencial.
Eleitores de oito Estados – Goiás, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Paraíba, Piauí e Alagoas e do Distrito Federal devem saber os nomes dos próximos governadores até meia noite. Com isso será possível conhecer o mapa político de aliados como Governo federal.
*Comentarista da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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