O presidente Michel Temer gravou um depoimento pedindo votos ao eleitor paranaense para o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) em sua campanha à Câmara, em 2014. O ex-assessor especial, que ficou nacionalmente conhecido como o “deputado da mala”, foi preso no último sábado (3), acusado de corrupção. Na gravação, que está disponível no canal do Youtube do ex-deputado, Temer chama Rocha Loures de seu operador e “belíssima figura da vida pública” brasileira e diz que ele o “ajudou enormemente” na Vice-Presidência, cargo que o hoje presidente ocupava na época.
“Veio para o meu gabinete e me ajudou enormemente, ele operava não só auxiliando a mim e ao Brasil, mas basicamente como espécie de embaixador do Paraná, dos municípios do Paraná. Aliás, fez um belíssimo trabalho para todo o país mas voltando seus olhos especialmente para o estado que é sua origem, que é o estado do Paraná”, disse Temer. “Dou esse depoimento verdadeiro e real a essa belíssima figura da vida pública, que é o Rodrigo Rocha Loures”, acrescentou. O apoio do presidente não surtiu o efeito esperado. O ex-assessor, que já havia exercido mandato na Câmara, ficou apenas na suplência.
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Veja o depoimento:
Rocha Loures foi flagrado em vídeo gravado pela Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil do diretor de Relações Institucionais do grupo J&F, Ricardo Saud, delator da Lava Jato. O dinheiro, segundo Saud, era propina em troca de negócios no governo. Segundo Saud e o empresário Joesley Batista, ele era operador do presidente para receber “vantagens indevidas” e o responsável pelo encontro com Temer, gravado pelo presidente da J&F.
Nome recorrente
PublicidadeA relação entre Rocha Loures e o presidente é o tema que mais recorrente nas 82 perguntas que Temer terá de responder, em 24 horas, à Polícia Federal. O nome do paranaense aparece 31 vezes nos questionamentos. Uma das perguntas é exatamente sobre a gravação desse vídeo.
“Vossa Excelência gravou um vídeo de apoio à candidtaura de Rodrigo da Rocha Loures à Câmara dos Deputados em 2014. Fez algo semelhante em prol de outro candidato? Quais?”, questiona a PF.
Entre outras coisas, os investigadores perguntam a Temer qual era a relação dele com Rocha Loures, se ele era uma pessoa de sua “estrita confiança” e se o presidente doou R$ 200.650,30 à campanha eleitoral dele em 2014. Indagam se ele gravou depoimentos e deu contribuições financeiras a outras candidaturas.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada em 22 de maio, Michel Temer disse que mantinha relação “institucional” com Rocha Loures e que o ex-assessor foi “induzido” e “seduzido por ofertas mirabolantes”. O ex-deputado trabalhava com Temer desde 2011, ainda na Vice-Presidência. Em 2016, após o impeachment da ex-presidente Dilma, ele virou assessor-especial da Presidência da República.
Ele deixou o cargo apenas em março deste ano, quando assumiu o mandato de deputado na Câmara na condição de suplente de Osmar Serraglio, que assumiu o Ministério da Justiça. Serraglio reassumiu o seu gabinete na semana passada após deixar a Justiça e retirou o foro privilegiado de Rocha Loures, o que abriu caminho para a sua prisão.
As 82 perguntas que Temer terá de responder à Polícia Federal em 24 horas
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