O presidente Michel Temer (PMDB) evitou falar com jornalistas, nesta sexta-feira (15), um dia depois de ser atingido pela segunda denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, desta vez por obstrução de Justiça e organização criminosa. Já denunciado por corrupção passiva e agora acusado de liderar quadrilha, Temer participou de uma solenidade de anúncio de investimentos no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC), na cidade do Rio de Janeiro. Encerrada a cerimônia, Temer saiu do centro científico sem dar entrevista, ao passo em que jornalistas ficaram retidos em uma sala do prédio. A assessoria de imprensa do Palácio do Planalto já informou que, ao contrário do que fez em outras ocasiões, o presidente não fará um pronunciamento presencial à imprensa para comentar a segunda denúncia.
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Mais cedo, a GloboNews mostrou cena em que um de seus repórteres, Murilo Salviano, abordou Temer quando ele iniciava a visita ao instituto e o perguntou sobre a denúncia. “Declaração em relação ao hospital?”, limitou-se a responder o presidente, seguindo direto para o local em que a solenidade foi realizada.
Durante toda sua visita ao Instituto Estadual do Cérebro, Temer não fez qualquer menção ao fato de ter sido incluído no “quadrilhão do PMDB”, grupo criminoso que reúne nomes como o ex-deputado Eduardo Cunha e o ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo do presidente há três décadas e um de seus principais articuladores. Tanto Cunha quanto Geddel estão presos por imposição da Operação Lava Jato, o primeiro já condenado em uma das ações penais a que responde. Já Geddel foi preso – pela segunda vez em menos de dois meses – depois que a Polícia Federal encontrou mais de R$ 51 milhões em espécie com suas digitais, em um apartamento em Salvador (BA).
Em seu discurso na solenidade, Temer comentou a mobilização de parlamentares junto à União para que recursos reservados ao hospital fossem liberados. O presidente também se disse admirado com a estrutura da unidade de saúde, tido como referência em atendimento e estudos relacionados ao cérebro. O peemedebista prometeu ainda promover uma parceria com o governo do Rio com o objetivo de concluir as obras de uma reforma em curso na sede do instituto.
A agenda de Temer depois do compromisso no Rio continuou em São Paulo, mas de maneira privada. A possibilidade é que o presidente se reúna com auxiliares e amigos mais próximos e já dê início às estratégias para sepultar a segunda denúncia de Janot. De acordo com a assessoria da Presidência da República, o peemedebista está de volta a Brasília ainda nesta sexta-feira (15).
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