A polêmica que envolve a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro não parece preocupar o presidente Michel Temer. Muito pelo contrário. Em entrevista à Rádio Bandeirantes na manhã desta sexta-feira (23), o emedebista classificou a medida – que passa o comando geral das polícias Civil e Militar, do Corpo de Bombeiros e do sistema carcerário do Rio de Janeiro para um interventor, o general Walter Braga Netto – como uma “jogada de mestre”. Ainda assim, ele afirmou que a iniciativa não tem nenhum objetivo eleitoral, e ressaltou que não será candidato à reeleição.
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“É uma jogada de mestre, mas não é eleitoral. Eu sou candidato a fazer um bom governo. Eu tenho dito reiteradamente que em política as circunstâncias é que ditam a conduta. Minhas circunstâncias ditam minha conduta. Eu não sou candidato”, disse o presidente, que conta com apenas 1% das intenções de voto segundo pesquisa do Instituto Datafolha.
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Temer apontou ainda que não tem receio em ficar sem o foro privilegiado. Segundo ele, as “conspirações de natureza moral” usadas para tentar tirá-lo do poder não foram fáceis, mas mostraram o seu “prestígio no Congresso Nacional”. Alvo de investigação no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre suspeitas de irregularidades no Decreto dos Portos, o presidente foi categórico: “Não tenho nenhuma preocupação com essas denúncias pífias”.
Desde que assumiu o cargo, Temer tem repetido que não disputará as eleições presidenciais de outubro. Não é o que dizem os seus aliados. Após reunião da Executiva do MDB, na última quarta-feira (21), o presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), declarou que Temer “é uma opção do MDB para ser candidato a presidente da República, se ele assim o entender”. Já o marqueteiro de Temer, o publicitário Elsinho Mouco, afirmou que o emedebista apostou todas as suas fichas na intervenção federal, ganhando uma “grande chance” de sonhar com a reeleição. “Ele já é candidato”, avaliou. “A vela está sendo esticada. Agora começou a bater um ventinho”.
Intervenção total
PublicidadeNa entrevista à Rádio Bandeirantes, Temer revelou que uma intervenção federal total chegou a ser cogitada no Rio de Janeiro. Nesse caso, o próprio governador do estado, Luiz Fernando Pezão (MDB), seria afastado do cargo. A possibilidade, segundo Temer, foi descartada por ser considerada “muito radical”. “Cogitou-se num primeiro momento [a intervenção total], mas logo afastei a ideia. Seria uma coisa muito radical e logo refutei. Ficamos com a conclusão que deveríamos intervir na área de segurança pública”, relatou.
O emedebista elencou algumas atribuições do novo Ministério da Segurança Pública. O nome do ministro da recém-criada pasta deverá ser anunciado na próxima segunda-feira (26). “Esse ministério vai coordenar, fazer reuniões permanentes com governadores, secretários de segurança. Hoje, os órgãos de inteligência não se comunicam entre si”, justificou.
Temer negou ainda que o governo tenha intenção de criar um novo imposto para financiar a segurança pública. “Não haverá imposto nenhum para a segurança. Não há essa intenção do governo. Isso já foi declarado pelos meus ministros, e agora declaro publicamente”, pontuou.
Previdência na pauta
O presidente da República também reiterou sua intenção de continuar a discutir a reforma da Previdência no Congresso, suspensa por se tratar de uma emenda à Constituição, caso os objetivos da intervenção federal no Rio de Janeiro sejam alcançados antes do dia 31 de dezembro, prazo estabelecido no decreto assinado pelo emedebista.
Para ele, a reforma saiu da pauta legislativa, mas não da pauta política do país. “Vamos dizer que chega setembro ou outubro e cessa a intervenção. Você tem espaço para votar emenda. Aí sim entra a emenda da Previdência. A emenda da Previdência não saiu da pauta, ela saiu da pauta legislativa, mas não da pauta política do país. Não haverá candidato que não será questionado sobre a posição com relação à Previdência”, completou Temer.
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