A reeleição do deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara ainda nem tinha sido oficializada e o presidente Michel Temer se antecipou para tentar curar as mágoas dos aliados do governo, derrotados na campanha interna pelo segundo cargo mais importante da República. Ele recebeu no Palácio do Planalto o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), derrotado por Maia, e o deputado Paulinho da Força, aliado do petebista.
Na final da tarde de quinta-feira (2) Temer telefonou para Jovair e o convidou para uma conversa no Palácio do Planalto. Magoado com a pressão que o Planalto fez para eleger Maia, o petebista resistiu ao convite e só atendeu a secretária do presidente depois do terceiro telefonema. Foi ao Planalto, conversou, saiu desconfiado, mas garantindo apoio ao governo.
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Líder do PTB há mais de 10 anos, Jovair não pode reclamar muito da atuação de Temer pró Rodrigo Maia. Seu partido ocupa o ministério do Trabalho, onde o titular é o deputado Ronaldo Fonseca (RS). Os outros parlamentares da legenda, que tem 17 congressistas, não querem deixar o governo e abrir mão da fatia de poder para atuar somente no Congresso.
Além do ministério, o PTB indicou nomes paras delegacias estaduais do trabalho e outros cargos de segundo escalão nas autarquias, fundações e estatais. “Quem teve 105 votos na eleição para a presidência da Câmara não pode romper com o governo. Mas vai ter algum tipo de troco nas votações das reformas”, disse um petebista magoado que prefere o anonimato.
Temer sabe que o líder petebista foi fundamental para o impeachment e, em conseqüência, por sua chegada à presidência. Jovair foi o relator, na comissão especial, que deu parecer favorável ao afastamento da presidente cassada Dilma Rousseff. O petebista lembrou isto a Temer quando percebeu que o Planalto atuava para reeleger Rodrigo Maia.
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Outro aliado derrotado na eleição interna da Câmara, o deputado Paulo Pereira da Silva (SDD-SP) também foi chamado por Temer logo após a votação que elegeu Maia. O presidente quer evitar que os 14 deputados do Solidariedade atrapalhem a aprovação das emendas constitucionais como as duas reformas mais importantes para o governo, a Previdenciária e a Trabalhista. O Soliodariedade indicou o secretário especial do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, José Ricardo Rosendo.
“Vou apresentar uma emenda alternativa à proposta de reforma da Previdência enviada pelo governo. A que foi feita nós vamos rejeitar”, prometeu Paulo Pereira da Silva, que também é fundador da central Força Sindical. “As mágoas o presidente cura com muita conversa e um bom jantar com vinho”, sugeriu o deputado.
Chamar aliados derrotados na Câmara para conversar foi um gesto de carinho nos aliados derrotados e magoados. O presidente sabe que nem o PTB nem o Solidariedade vão atrapalhar sua gestão. E nem mesmo os outros partidos menores que apoiaram a candidatura de Jovair, como PSC e PSL.
PSC
O Partido Social Cristão, por exemplo, com uma bancada de 10 deputados, derrotado junto com o petebista, se queixa da ação do Planalto em favor de Maia, mas não vai sair da base de apoio a Temer. Há menos de dois meses, o PSC ganhou a presidência da Funai, onde vai tentar impor uma espécie de ideologia cristã entre os antropólogos que cuidam dos índios.
O PSL dos deputados Alfredo Kaeffer (PR), coordenador da campanha de Jovair, e Dâmina Pereira (MG) não tem cargos no primeiro escalão do governo, mas concorda com a reforma trabalhista proposta por Temer. Com sua bancada de cinco deputados, o PROS também não quer perder os cargos de terceiro escalão que conseguiu com a posse de Temer e vai continuar fiel ao Planalto.
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