Renata Camargo
O presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), admitiu nesta quinta-feira (25) que existe uma “verdadeira quadrilha” agindo dentro da Casa. Temer disse que a Polícia Legislativa já mandou mais de 15 inquéritos concluídos ao Ministério Público Federal sobre o “golpe de creche e do vale-transporte”, crimes revelados com exclusividade pelo Congresso em Foco. Os golpes causaram um rombo de mais de R$ 3 milhões aos cofres públicos.
“Se descobriu uma verdadeira quadrilha agindo aqui dentro da Casa. Nós estamos investigando isso há muito tempo. A Polícia Legislativa já mandou mais de 15 inquéritos concluídos para o Ministério Público Federal”, disse Temer.
De acordo com as investigações em andamento, os golpes envolviam servidores da Casa que contratavam funcionários fantasmas, distribuíam falsos benefícios para pessoas carentes, faziam acordos fraudulentos com escolas particulares e articulavam fraudes em vales-transporte. Até agora, a Polícia Legislativa da Câmara indiciou 47 pessoas nos inquéritos sobre a fraude no auxílio-creche e 20 nas apurações sobre o vale-transporte.
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As fraudes envolviam funcionários dos gabinetes dos deputados Sandro Mabel (PR-GO), Raymundo Veloso (PMDB-BA) e Enio Tatico (PTB-GO). Mas não há comprovação da participação dos parlamentares nos crimes. São acusados de liderar o golpe Francisco José Feijão de Araújo e sua esposa, Abigail Pereira da Silva, ambos secretários parlamentares demitidos após a descoberta dos crimes.
Segundo Temer, a direção geral modificou procedimentos na Câmara que abriam caminho para a prática desse tipo de irregularidades. Entre as mudanças, está a instalação do ponto-eletrônico para funcionários da Câmara. A medida começa a valer a partir da próxima segunda-feira (29).
“Nós estamos colocando o ponto-eletrônico exatamente para evitar tantas irregularidades, como ausências. Não haverá ninguém de lençol branco aqui na Câmara”, afirmou Temer em alusão aos fantasmas.
Como mostrou hoje o site, em meio às investigações sobre o golpe da creche e do vale-transporte, a Câmara publicou um alerta na intranet aos servidores da Casa. Na advertência, a direção geral avisa que, caso os servidores indiquem endereços falsos para obterem um valor maior de auxílio-transporte no contracheque, poderão responder a processo por falsidade ideológica. Pelo golpe do vale, servidores indicavam endereços distantes para ganhar um valor maior de benefício.
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