O senador Tasso Jereissati (CE) lançou nesta quarta-feira (8), oficialmente, sua candidatura à presidência do PSDB. Apesar de defender uma candidatura única, o parlamentar disputará a liderança da legenda com o governador de Goiás, Marconi Perillo, que já havia oficializado a candidatura para liderar o partido tucano, em contraponto a Tasso. A eleição interna está marcada para o dia 9 de dezembro. Aécio Neves (PSDB-MG) se afastou das atividades partidárias em 18 de maio, depois da divulgação das delações da JBS. Desde então, o senador cearense comanda interinamente a sigla.
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Durante o ato de oficialização da candidatura, no Senado, Tasso falou sobre a pressão do PMDB e do Centrão pela demissão dos ministros tucanos. “Isso é um jogo de fisiologismo do qual não participamos. O jogo do ‘eu só voto se ganhar aquilo, se tiver isso’. É disso que queremos nos afastar”, ressaltou. O parlamentar minimizou o envolvimento de membros da legenda nos escândalos recentes de corrupção.
“Nos últimos três anos escândalos de corrupção atingiram empresas e políticos. O nosso, com certeza, foi o que menos sofreu. O nosso partido é o que tem os melhores quadros no Brasil, porque fazem política com ética, moralidade e competência”, afirmou o senador, que não poupou o PT. “O PT está acomodado em seus erros, fingindo que não viu ou dizendo que não errou. Isso é grave. Dezenas de políticos presos e fingindo que não viu ou dizendo que não errou”, ponderou.
Tasso anunciou que na convenção de dezembro irá apresentar esboço de um programa que será a base do programa do candidato do partido em 2018. De acordo com ele, a proposta será elaborada por economistas. O senador anunciou também a reformulação do código de ética para instituir um sistema de “compliance” partidário, para entregar a uma empresa externa a fiscalização do partido em termos de uso de recursos públicos e do cumprimento de programa, além de regras eleitorais.
Em conversas reservadas, Marconi Perillo sugeriu a Tasso que ele deveria disputar o governo do Estado e desistir da eleição para a presidência da sigla. O senador cearense, que preside internamente o PSDB, não abriu mão da disputa e acredita ter maioria dos parlamentares da legenda ao seu lado.
O evento foi anunciado ontem (terça-feira, 7) pelo líder da legenda na Câmara, Ricardo Tripoli (SP). Desde que as delações de Joesley e Wesley Batista vieram à tona, revelando envolvimento do presidente Michel Temer (PMDB) e de Aécio em corrupção, o partido se dividiu. A situação ficou evidente durante as duas votações das denúncias contra Temer na Câmara.
Um dia depois de o plenário do Senado ter decido devolver o mandato parlamentar de Aécio, no último mês, Tasso chegou a defendeu que o mineiro renunciasse à presidência do partido. “Acho que ele não tem condições, dentro da circunstância que está, de ficar como presidente do partido. Nós precisamos ter uma solução definitiva e não provisória”, sustentou o senador, na ocasião. O governador de Goiás, no entanto, aliado de Aécio, defendeu a permanência do mineiro à frente da legenda, após a polêmica envolvendo sua possível renúncia da presidência do partido.
Aécio tinha sido afastado do mandato parlamentar por medida cautelar determinada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O colegiado também havia imposto o recolhimento noturno e a entrega do passaporte. No entanto, o plenário do Senado decidiu, no dia 17 de outubro, suspender os efeitos da decisão da Corte.
Tasso também defende que a legenda saia da base governista, engrossando o coro do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelo desembarque dos parlamentares tucanos do governo de Michel Temer. Em artigo publicado em jornais nesse último domingo (5), FHC defendeu que PSDB deixe o apoio a Temer até dezembro, sob pena de ser confundido com a cúpula peemedebista e virar mero coadjuvante nas eleições de 2018.
Para o tucano, o partido pagará um preço por ter se aliado a Temer e pelas acusações contra algumas de suas principais lideranças – ele evitou citar nomes como o do senador Aécio Neves, entre outros investigados. Na avaliação do ex-presidente, o PSDB pode apresentar um nome competitivo para 2018, mas antes precisa passar a limpo seu passado recente e renovar sua alma para não ser confundido com o “peemedebismo”.
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