A deputada Tabata Amaral (PDT-SP), que nesta quinta-feira (15) apresenta um projeto de lei e um manifesto pela reforma dos partidos políticos junto com outros parlamentares do Movimento Acredito, aproveitou o momento para revelar o que pensa da atual estrutura partidária brasileira. Ela disse que falta democracia e transparência nas legendas. Um exemplo, segundo ela, foi o debate sobre a reforma da Previdência no PDT, que provocou a sua suspensão da sigla.
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“No caso do PDT, é um problema até anterior. A gente não teve uma deliberação sobre o texto que foi votado no final. O partido não ouviu nem os seus deputados nem a direção nacional. Foi tomada uma decisão por algumas poucas lideranças e essa decisão foi imposta a todo mundo. Nesse sentido, a democracia faltou até um pouco antes”, afirmou Tabata Amaral, ao comentar a relação entre o projeto de renovação partidária apresentado nesta quinta e o processo que sofre no conselho de ética do PDT por ter contrariado a orientação partidária para votar a favor da reforma da Previdência.
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A deputada ainda admitiu que, apesar de a discussão sobre a renovação partidária ser antiga em movimentos como o Acredito, o impasse sobre a reforma da Previdência acelerou a apresentação desse manifesto. Ela espera, porém, que essa iniciativa não seja mal recebida pelo PDT. “Espero que eles vejam o PL [Projeto de Lei] como uma forma de trazer a boa política de volta”, afirmou a deputada.
O projeto de renovação política do Movimento Acredito propõe ações mais democráticas e transparentes na tomada de decisão e na distribuição de recursos nos partidos políticos. Segundo Tabata, propor essas mudanças é preciso porque hoje os principais problemas das legendas são justamente a falta de democracia e a falta de transparência. “Eu acredito demais na importância dos partidos para a democracia […], mas é muito preocupante quando esses partidos se afastam da sociedade e representam práticas que não têm nada a ver com a boa política”, explicou.
Muito criticada por caciques do PDT depois do voto na Previdência, Tabata também não evitou críticas ao poder que os presidentes dos partidos em geral têm atualmente. Ela afirmou que “há dirigentes partidários que ficam por décadas como dirigentes partidários” e que “muitas vezes quem compõe as listas partidárias é o dono do partido”. “Aí não há renovação”, concluiu a deputada. Tabata, contudo, não deu exemplos práticos desse problema e em nenhum momento da conversa com o Congresso em Foco citou o nome de algum integrante do PDT, que há quinze anos é presidido por Calos Lupi.
Por fim, a deputada que cobra mais transparência e democracia dos partidos no manifesto que assina junto com o deputado Felipe Rigoni (PSB-ES) e o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), ambos do Movimento Acredito, mostrou segurança sobre o processo instaurado pelo PDT. “Já apresentei minha defesa. Cabe a mim, esperar decisão deles”, concluiu.
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