Um dos fundadores do PT, o senador Eduardo Suplicy (SP) chorou copiosamente ao ler a carta aberta escrita pela filha do ex-presidente do PT José Genoino, em que Miruna Genoino versa sobre a “coragem” e a trajetória política do pai. Com a fala pausada e abatido, Suplicy por vezes interrompeu a leitura para enxugar os olhos, como registrou em close a transmissão ao vivo da TV Senado.
Em carta, filha de Genoino destaca “coragem” de seu pai
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“Eu tenho uma admiração muito forte por José Genoino e sua família, e percebo sentimento tão forte de Miruna. Fiz questão de ler a sua carta, quando tomei conhecimento dela hoje”, disse Suplicy, depois de ler também um texto sobre a Revolução Constitucionalista de 1932. O petista disse ainda que fará em plenário, em breve, menção à carta escrita por outro alvo do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, condenado por corrupção ativa.
Incluindo o presidente da sessão não deliberativa, Aníbal Diniz (PT-AC), vice-presidente da Casa, apenas cinco senadores testemunharam a emoção de Suplicy em plenário: Ana Rita Esgário (PT-ES), Ciro Nogueira (PP-PI), Paulo Paim (PT-RS) e Tomás Correia (PMDB-RO). Nenhum deles fez pedido de aparte a Suplicy, que desceu da tribuna muito abalado.
Depois do discurso, Suplicy evitou criticar a decisão do STF, mas resumiu como se sentia com a condenação de petistas históricos, correligionários de décadas na trajetória da legenda. “Eu nem tinha visto a carta. Hoje, quando vi, disse: ‘Poxa, mas que carta bonita’. Então, eu me emocionei. E ainda não falei com a Miruna ou com o Genoino, eu não tenho o telefone atual dele”, declarou o senador, manifestando solidariedade a outros petistas condenados, como José Dirceu e o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha. “Tal como eles, eu respeito a decisão do STF. Mas é uma decisão muito dolorida para nós, do Partido dos Trabalhadores”.
Miruna Genoino intitulou a carta com a mensagem “A coragem é o que dá sentido à liberdade”, atribuída pela autora do texto a um livro que o pai lê no momento. O texto é carregado de emotividade ao fazer um resgate da história de “coragem” do pai, condenado por corrupção ativa pelo Supremo Tribunal Federal.