Dedo-duro pode ser um adjetivo de dois gêneros ou um substantivo masculino, mas tanto em uma condição como em outra é raro encontrar alguém que não saiba o significado.
Ensina Houaiss que dedo-duro é “aquele que delata; delator, denunciante”. É também “aquele que serve de espião para a polícia; alcaguete”.
Toda e qualquer palavra vai surgindo para uso no (dicionário individual) cotidiano de cada um ao longo do tempo, e isso depende da região onde se vive. Na região onde fui criado, certo que há mais de meio século atrás, e não convivendo com a região urbana, a palavra dedo-duro não fazia parte do dicionário. Ela entrou no meu dicionário na pré-adolescência, quando estudante do chamado ginásio. Creio que foi no ginásio, quando fui estudar na cidade, que comecei a ouvir esse adjetivo. Dedo-duro era o aluno ou aluna que entregava tudo para os professores. Portanto, era alguém “condenado” pelo resto da turma.
Aprendi a palavra dedo-duro muito tarde. Essa pode ser talvez uma vantagem de crescer longe deles e não se envolver com eles. Mas, apesar de demorar em aprender a palavra e o significado, os dedos-duros existem desde que a humanidade se diz civilizada, e existem mais entre os bandidos.
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Nas escolas, nas empresas e no crime organizado, além do dedo-duro, tem também o puxa-saco. Em geral o dedo-duro era também o puxa-saco e o bajulador da turma.
Depois de aprovada a lei da delação premiada (no governo do PT), pululam na sociedade os bajuladores e, de uma maneira mais restrita, os dedos-duros. Muitos dos atuais bajuladores têm ido às ruas inclusive para bajular alguns que cometeram crimes – como, por exemplo, Eduardo Cunha e o “Japonês da Federal”.
PublicidadeOs bajuladores, em geral, não têm senso critico. No geral, eles se fantasiam de qualquer um que entendem que está na moda. Já foram “todos Eduardo Cunha” e já foram o “Japonês da Federal”. O japonês já foi para a cadeia e hoje usa tornozeleira eletrônica. Quanto a Eduardo Cunha, é só uma questão de tempo para que vá à cadeia. Só não vai se for cometida mais uma injustiça, entre tantas já cometidas pela “Justiça” brasileira. Ou seja, ambos representam perigo para sociedade, assim como parte dos bajuladores que foram e ainda vão para as ruas de verde e amarelo.
Desde que foi aprovada a lei da delação premiada, começou a ocorrer um fato novo: aumentou o número de dedos-duros. Só não alterou uma coisa: a de que o crime compensa. Talvez agora até compense mais.
Antes da lei de delação premiada, raramente alguém era preso por corrupção. Iam presos só os “peixes miúdos”. Portanto, roubavam e não eram punidos. Agora, com a nova lei, os que roubaram entregam uma meia dúzia de “políticos”, devolvem um pouco do dinheiro roubado e continuam livres, leves, soltos e ricos. E alguns deles ainda viram heróis dos bajuladores e de setores da mídia.
A demonstração de que o crime compensa já foi feita por vários jornalistas, principalmente os independentes. Aqui registro o publicado domingo, dia 17, no Estadão e assinado por Valmar Hupsel Filho e Mateus Coutinho. Escrevem que a “dedoduragem”, ou seja, a delação premiada na Operação Lava Jato, já reduziu a pena dos condenados pelo juiz Sérgio Moro em pelo menos 326 anos. Segundo os autores, essa redução ocorreu ao analisar somente 28% do total dos 1.149 anos das sentenças dada pelo juiz. Imagina ao estudar os 100% das condenações…
Informam Hupsel Filho e Coutinho que a redução das penas pode ainda ser maior, pois o levantamento que fizeram somente consideraram 15 colaborações, quando pelo menos 65 réus já fecharam o acordo de delação.
Segundo eles, entre os maiores beneficiados estão Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, que “conseguiram reduzir suas penas em cerca de 140 anos”. Alberto Youssef, condenado a quase 80 anos de prisão, deve cumprir pena em regime fechado entre três e cinco anos. Depois, passa para o regime aberto. Paulo Roberto Costa, condenado a 74 anos, 6 meses e 10 dias de prisão, teve sua convertida em um ano de prisão domiciliar, mais dois anos no semiaberto, com tornozeleira.
Ao analisar estes números, dá-se a impressão (será que é só impressão?) de que vale a pena ser corrupto. Se pego, seja um dedo-duro, entregue alguém, principalmente se for do PT. Devolva parte do dinheiro e estará livre, leve e rico. Inclusive correrá o risco de ainda ser aplaudido por alguns bajuladores.
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