Sob forte esquema de segurança, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) presta depoimento na tarde desta quarta-feira (7), na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, sobre os presentes milionários que recebeu do governo da Arábia Saudita. Bolsonaro chegou ao local por volta das 14h30.
Os presentes recebidos pelo ex-presidente deveriam originalmente estar no acervo da Presidência da República. Entre elas, está um conjunto de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões, supostamente apropriados pela ex-primeira dama Michelle Bolsonaro. Este será o primeiro depoimento de Bolsonaro desde que retornou ao Brasil, na última quinta-feira (30).
Para a realização do depoimento, as forças policiais do Distrito Federal reforçaram a segurança na sede da Polícia Federal. Um cordão de policiais militares foi estabelecido dentro do prédio, e outro na rua de acesso ao Setor Hoteleiro Norte. Também foram instaladas grades e viaturas com patrulhas ao redor da entrada.
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Bolsonaro não é o único a prestar depoimento. Além dele, também foi convocado seu ex-ajudante de ordens, coronel Mauro Cid, além de outros antigos funcionários supostamente envolvidos na formação de gabinetes paralelos em seu governo.
O histórico recente dos apoiadores de Bolsonaro foi a motivação da segurança reforçada. No dia 12 de dezembro, com a prisão do militante bolsonarista conhecido como Cacique Tserere, a sede da PF sofreu uma tentativa de invasão de outros apoiadores do antigo presidente. Depois de expulsos, os invasores iniciaram uma onda de atentados no centro de Brasília, incendiando veículos e tentando invadir uma delegacia da Polícia Civil.
Bolsonaro entregou conjunto de jóias
O depoimento de Bolsonaro ocorre um dia depois de o ex-presidente devolver o terceiro conjunto de jóias que recebeu de presente do governo da Arábia Saudita. Os itens foram entregues em uma agência da Caixa Econômica Federal em Brasília (DF) atendendo um pedido do Tribunal de Contas da União (TCU).
O kit entregue é composto por um relógio Rolex, uma caneta Chopard, abotoaduras, anel e uma masbaha — espécie de rosário para a religião islâmica. Bolsonaro teria recebido a caixa após um almoço com o rei saudita Salman Bin Abdulaziz Al Saud, em outubro de 2019. A estimativa é que os itens somam mais de R$ 500 mil e ficaram com o ex-presidente mesmo após o fim de seu mandato.
Como mostrou o Congresso em Foco, nos últimos quatro anos de governo, Bolsonaro ou representantes de sua equipe presidencial fizeram 150 viagens para a Arábia Saudita. O país dos Emirados Árabes está no centro da confusão das jóias recebidas por Bolsonaro, e que foram mantidas pelo ex-presidente de forma irregular.
A frequência com que Bolsonaro e sua equipe visitaram o país acendeu o alerta entre os partidos de oposição a Bolsonaro no Congresso, que pedem novas investigações sobre o caso das jóias. Além do kit de jóias entregue nesta terça-feira, um dos outros presentes, estimado em R$ 400 mil, entrou no país sem passar pela alfândega e foi incorporado ao acervo do ex-presidente, em novembro do ano passado.
As jóias estavam sob posse da comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em outubro de 2021. No dia 24 de março, a defesa de Bolsonaro atendeu a determinação do TCU e devolveu os presentes.
A comitiva também tentou entrar no país com um conjunto de joias avaliado em R$ 16,5 milhões, que seriam destinadas a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Os itens foram apreendidos pela Receita Federal após um assessor do ministério tentar entrar no país sem declarar os itens.
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