O senador Pedro Simon (PMDB-RS) subiu hoje (22) à tribuna do plenário para defender a presidenta Dilma Rousseff e condenar os servidores públicos que se encontram em greve. Simon disse que a greve do funcionalismo é a paralisação de uma “elite burocrata”. Em apoio a Dilma, para quem é “inconcebível” servidores de “sangue azul” reivindicarem aumento de salário em plena crise financeira internacional, Simon subiu o tom contra o movimento que “paralisa” o Brasil.
Referindo-se à manchete desta quarta-feira (22) do jornal Correio Brasiliense, o senador disse que, enquanto a presidenta luta contra os efeitos deletérios da crise, servidores com salário relativamente alto a atrapalham nessa missão. “Os outros jornais do Brasil, com todo o respeito, ficam pela metade. Ali [no Correio], não. Veja, presidenta, a [manchete] de hoje: ‘Dilma culpa grevistas de sangue azul por impasse’. Que coisa mais correta! Nós estamos, como diz a Dilma, na greve dos que ganham mais de R$10 mil. Os que ganham menos de R$10 mil estão tranquilos, trabalhando, esperando melhorar um pouco o seu salário”, fustigou Simon.
Leia também
Leia mais:
Policiais rodoviários aderem ao movimento grevista
Governo nega acordo e movimento grevista cresce
Servidores do INSS fazem paralisação e reforçam movimento grevista
Servidores do Tesouro iniciam greve nacional
Simon estendeu às críticas à Central Única dos Trabalhadores (CUT), dizendo que a entidade, que outrora defendia questões como a elevação do salário mínimo, agora não passa de uma “quase burguesia” em sintonia com os altos círculos do poder. “Ah, querida CUT! É que a CUT mudou. A CUT é da época que se lutava pelo salário-mínimo, pela Reforma Agrária. Agora, a CUT briga por quem é que vai ficar no comando da Caixa, do fundo de pensão da Petrobras, do Banco do Brasil. Essas são as brigas da CUT de hoje”, acrescentou o parlamentar gaúcho, fazendo um apelo ao ex-presidente Lula para que entre no circuito das negociações com os comandos grevistas. “Agora a CUT ficou uma elite, diria quase uma burguesia.”
Simon apoiou inclusive a decisão do Planalto de cortar o ponto, com desconto de salário e providências administrativas, de cerca de 12 mil servidores de diversas categorias. “Quando a presidenta está numa luta tremenda para vencer essa etapa, que é uma etapa da qual se espera que o mundo consiga ir adiante, a elite burocrata da nação está parando o Brasil. A nossa querida Polícia Civil proibindo entradas e saídas nos aeroportos. Universidade com três meses de greve? Policiais fardados ocupando os aeroportos! Polícia rodoviária fechando as estradas, espalhando cartazes nos postos, anunciando passagem livre para o tráfico de drogas e armas! Mas onde é que nós estamos, meu Deus do céu, mas onde é que nós estamos?”, protestou o senador, com a ressalva de que o país passa por um momento “áureo” com o julgamento do mensalão.
Dezenas de categorias do funcionalismo público federal, mobilizando um universo que se aproxima dos 500 mil servidores, estão paralisados ou sob algum tipo de operação-padrão. Em Brasília, há quase um mês a Esplanada dos Ministérios e a Praça dos Três Poderes são diariamente ocupadas por grevistas com faixas, cartazes, fantasias e palavras de ordem contra a política de reajustes do governo Dilma. Em meio à situação, há a possibilidade de que setores da iniciativa privada, com o apoio de entidades como a Força Sindical, passem a aderir à greve por reajuste de salários e reformulações trabalhistas, como adiantou ao Congresso em Foco o presidente licenciado da Força, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP).
Publicidade