O ex-governador paulista diz que defendeu a manutenção do resultado da concorrência vencida pela espanhola CAF porque a licitação foi baseada no critério do menor preço. “Qualquer manual anticartel nos daria razão. Ganharíamos a medalha anticartel”, afirmou.
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O promotor Marcelo Milani, que investiga o cartel dos trens, pediu ao procurador-geral de Justiça, Márcio Elias Rosa, que aprofunde as investigações sobre a eventual ação de José Serra no chamado projeto Boa Viagem, de modernização de trens, implantado na gestão do tucano. Apenas o chefe do Ministério Público Estadual pode investigar um ex-governador. “Eu já firmei opinião no sentido de que há indícios da participação do ex-governador”, disse Milani ao jornal O Estado de S. Paulo.
“A Siemens, alemã, ofereceu preços bem mais altos, ficou em segundo lugar e não recebeu qualquer tipo de compensação. A fim de anular a concorrência, ela entrou com vários recursos nas áreas administrativa e judicial, mas não teve êxito. E o governo disse que se tivesse êxito, anularia a licitação e faria uma nova. Mas prevaleceram a concorrência e os preços mais baixos. Se não tivessem prevalecido, teríamos feito nova concorrência”, contestou Serra.
Para embasar a necessidade de aprofundar as apurações em relação ao ex-governador, Milani cita depoimento prestado em novembro do ano passado pelo ex-diretor da Siemens Nelson Branco Marchetti à Polícia Federal.
De acordo com a manifestação do promotor de Justiça, Marchetti relatou ter sofrido pressão de assessores de Serra para desistir de qualquer judicial contra a licitação do Boa Viagem. Em seu depoimento, o executivo relatou ter se encontrado com José Serra em uma feira na Holanda, em 2008. Segundo ele, o então governador lhe disse que o governo cancelaria a concorrência caso a Siemens recorresse à Justiça para desclassificar a CAF. Marchetti afirmou que, mesmo não tendo o capital social integralizado exigido em edital, a empresa espanhola foi defendida por Serra e seus secretários.
PublicidadeVeja a íntegra da nota de José Serra:
“A concorrência para compra de 45 trens para a CPTM foi uma ação anticartel, de defesa do estado e da população. Ganhou a empresa espanhola CAF, que ofereceu o menor preço. O Estado economizou cerca de 200 milhões de reais. A Siemens, alemã, ofereceu preços bem mais altos, ficou em segundo lugar e não recebeu qualquer tipo de compensação. A fim de anular a concorrência, ela entrou com vários recursos nas áreas administrativa e judicial, mas não teve êxito. E o governo disse que se tivesse êxito, anularia a licitação e faria uma nova. Mas prevaleceram a concorrência e os preços mais baixos. Se não tivessem prevalecido, teríamos feito nova concorrência. Qualquer manual anticartel nos daria razão. Ganharíamos a medalha anticartel.”
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