Um dos relatos sobre o episódio foi feito, em tempo real, pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que integra o grupo. “Estamos em Caracas, sitiados em uma via pública. Nossa van foi atacada por manifestantes. Mas seguimos firmes na disposição de visitar Leopoldo López. Estamos aqui para defender a democracia e até agora o governo venezuelano tem demonstrado pouco apreço por ela”, disse o tucano, em sua conta no Twitter.
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Os senadores foram recebidos no aeroporto por esposas dos presos políticos e pretendiam seguir em comboio até a penitenciária militar de Ramo Verde, onde eles estão presos. O objetivo era pressionar o governo de Nicolás Maduro a libertar os líderes oposicionistas – entre eles o ex-prefeito de Caracas Antonio Ledezma – e promover eleições parlamentares, além da óbvia demonstração de divergência política por parte da oposição brasileira. Mas a iniciativa esbarrou na manifestação popular de apoio a Maduro, segundo relatos dos próprios senadores.
A comitiva do Senado era liderada pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores, Aloysio Nunes (PSDB-SP), e reunia também os senadores Aécio Neves (PSDB-MG), Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), José Agripino (DEM-RN), José Medeiros (PPS-MT), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Segundo Cássio Cunha, o voo que os trará de volta ao Brasil deve consumir cinco horas, tendo partido por volta das 19h30 desta quinta-feira (18).
Aloysio Nunes manifestou sua insatisfação por não ter conseguido cumprir a agenda programada em Caracas. Antes da decisão, também relatou o episódio no Twitter. “Ficamos por quase meia hora tentando sair das cercanias do aeroporto, mas fomos impedidos. Ouvimos duas justificativas esfarrapadas. A primeira foi a de que o impedimento se deu por causa do transporte de um prisioneiro vindo da Colômbia. A segunda foi um acidente. Por essa razão, decidimos voltar ao aeroporto e esperar que se resolva esse imbróglio”, registrou o tucano.
A primeira versão comentada por Aloysio foi mencionada em Plenário pelo vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC). “A informação que eu recebi do ministro Mauro Vieira é que hoje está sendo feita a extradição de um criminoso acusado de ter matado um parlamentar venezuelano tido como chavista. Ele foi preso pela Interpol e, exatamente hoje, está sendo devolvido para a Venezuela. Então, desde o aeroporto até o centro da cidade tem-se uma grande confusão em Caracas, que, obviamente, coincide com a chegada dos nossos senadores”, disse o petista.Depois da desistência, líderes oposicionistas venezuelanas também recorreram ao Twitter para protestar contra governo Maduro. “Agressão a senadores é agressão ao Brasil. Grave erro político do regime de Maduro”, escreveu em sua conta no microblog a ex-deputada líder oposicionista María Corina Machado.
“Senadores brasileiros constataram em tempo recorde a situação do país: não há liberdade!”, reforçou Lilian Tintori, mulher do líder do partido de oposição Vontade Popular, Leopoldo López. Em greve de fome há 25 dias, López está preso desde fevereiro de 2014 sob acusação de “instigação pública”, danos a propriedades, formação de quadrilha e incêndio depois dos protestos contra o governo Maduro em âmbito nacional, naquele ano.
Revolta no Congresso
O assunto movimentou os plenários do Senado e da Câmara. Presidente desta Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) contatou o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e tentou acalmar deputados da oposição que, indignados, exigiam providências, moção de repúdio e convocação do próprio Mauro para dar explicações. Depois de uma rápida suspensão da sessão plenária, na tarde desta quinta-feira (18), Cunha disse ter solicitado um posicionamento oficial do governo brasileiro e recebido a informação de que os senadores já havia retornado, àquela altura, ao aeroporto de Caracas, onde aguardam provimento de segurança por parte das autoridades.
Assista a trecho da reação na Câmara:
No Senado, de maneira mais organizada, Renan emitiu nota à imprensa e garantiu que providências institucionais serão tomadas, por meio do diálogo com Dilma e o ministro Mauro Vieira. Afinal, como lembraram alguns senadores, trata-se de uma missão oficial da Casa que foi vítima de hostilidade em um país vizinho. “Os senadores continuam apreensivos, estão no trânsito cercados há mais de três horas”, disse Renan em Plenário, depois de ler a nota, e cobrando uma “solução altiva” do governo brasileiro.
Assista à reação de senadores em Plenário:
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