Fábio Góis
A senadora Patrícia Saboya (PDT-CE) foi detida nesta quinta-feira (3), para “averiguação”, no Aeroporto Fiumicino, em Roma. Segundo informações do Departamento de Assistência Consular do Itamaraty, a detenção se deu porque uma das acompanhantes da parlamentar deu um espirro durante o desembarque. Após discutir com as autoridades aeroportuárias italianas, a senadora acabou liberada.
Na Itália a convite para um casamento, a senadora confirmou há pouco o episódio. Ao chegar ao aeroporto italiano, ela e mais duas amigas foram abordadas por policiais italianos, que passaram a revistar suas bagagens. O procedimento durou cerca de meia hora, segundo a senadora – que goza de licença para tratamento de saúde. Os agentes de segurança não levaram em conta o fato de se tratar de uma senadora da República.
No auge da confusão, o chefe dos policiais informou que só o embaixador do país na Itália poderia interceder. Foi então que, por meio de seu gabinete no Senado, Patrícia conseguiu falar com o embaixador brasileiro em Roma, José Viegas Filho. Mas, ao ver que a brasileira contatou o embaixador para intermediar a situação, o policial não quis falar ao telefone com Viegas, negou informar o próprio nome e, segundo a senadora, não explicou por que havia ordenado o procedimento.
Depois de muita discussão e de todas as bagagens revistadas, com mais de dez policiais cercando as três brasileiras, o policial devolveu o passaporte de Patrícia. A decisão foi tomada porque, segundo a própria senadora, seus protestos aos gritos em pleno aeroporto já começavam a expor o ridículo da situação: uma senadora retida, com duas amigas, sem explicações substanciais ou tratamento adequado para autoridades federais, só porque uma delas espirrou.
Ao tentar solucionar o contratempo, a assessoria do Itamaraty disse acreditar que o procedimento é reservado aos casos de suspeita de infecção pelo vírus da nova gripe (H1N1). Mas ainda não há posicionamento oficial sobre o ocorrido.
Em resposta ao que considera desrespeito ao Legislativo e à mulher brasileira, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado emitiu uma nota de protesto contra “maus tratos e constrangimentos” impostos à senadora, “sem maiores explicações”.
Leia a nota da Comissão de Relações Exteriores:
“Na qualidade de presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE), venho a público protestar contra os maus tratos e constrangimentos impostos pela polícia italiana à senadora Patrícia Saboya, detida, sem maiores explicações, no Aeroporto de Fiumicino, em Roma. Considero esse ato uma prova de desrespeito ao Poder Legislativo e à condição da mulher brasileira e exijo explicações das autoridades competentes do país europeu.
Sala da Comissão, 03 de setembro de 2009,
Eduardo Azeredo – Presidente da CRE”
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