À parte a discussão sobre os critérios de prioridade do Senado quanto à pauta legislativa, há uma questão cristã por trás do projeto: com a fixação da data, a autora da matéria, deputada Keiko Ota (PSB-SP), resolveu reagir a uma tragédia pessoal. Em 30 de agosto de 1997, a parlamentar perdeu seu filho, Ives Ota, sequestrado e brutalmente assassinato com apenas oito anos de idade. Keiko não era deputada à época do infanticídio, quando ela e seu marido decidiram perdoar os assassinos do próprio filho, e agora pôde se valer das prerrogativas de parlamentar para eternizar a data.
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Não foram oferecidas emendas para alterar o texto — ou o propósito — do projeto, que foi relatado pela senadora Simone Tebet (PMDB-MS) no Senado. A peemedebista destacou a importância da iniciativa por estimular o perdão em um instante de “divisões e muros” em nível mundial. Logo após da aprovação da matéria, a peemedebista disse em plenário que o projeto é uma lição de vida e “soa algo assim como uma prece ao Criador, na mesma linha da súplica do filho de Deus: ‘Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem’”.
Veja o momento da aprovação do projeto:
“Ela [Keiko] foi além. O seu projeto quer dizer a todos nós, como em uma oração: ‘Perdoai-lhes ainda que eles saibam o que fazem’”, discursou Simone.
“Não posso deixar de render minhas homenagens à autora, a deputada Keiko Ota. Apesar de toda dor e sofrimento, [ela e seu marido] conseguiram perdoar aqueles que tanto lhes fizeram mal. Quando brota do mais fundo da alma, o perdão não cansa de perdoar”, acrescentou a senadora.