Cesare Lombroso (1835-1909), considerado o pai da criminologia moderna, propôs um estudo das características fisionômicas dos criminosos, dos loucos e das prostitutas. Hoje, as conclusões a que ele chegou são consideradas preconceituosas. Faço essa observação só para efetuar uma pergunta: se algum afeito à teoria de Lombroso fosse fazer um estudo da fisionomia dos golpistas, sejam parlamentares, coxinhas e batedores de panela, encontraria algum traço semelhante?
Antes de qualquer comentário desairoso, esclareço que essa observação é uma ironia.
Exerci o mandato de deputado federal por 16 anos (1999-2015). Neste período, ”conheci” e ”convivi” com Aécio Neves, Michel Temer, Eduardo Cunha e Rodrigo Maia. Este ”convívio” não ocorreu simultaneamente. Deu-se em legislaturas diferentes.
Coloco conhecer e conviver entre aspas porque nunca fui próximo de nenhum deles, e a relação que se dava era meramente institucional.
Mesmo convivendo institucionalmente e em períodos diferentes e sem ser lombrosiano, até porque esta teoria não vale, pude constatar que há comportamento semelhante entre eles. Não listarei todas as semelhanças, até porque muitas delas já me fugiram da memória, mas alguma coisa lembro e registro.
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Nos últimos tempos, cada um em seu respectivo lugar, senador, deputado, presidente da Câmara e vice-presidente, também tiveram o mesmo comportamento: trabalhar contra a democracia e, juntos, construir o golpe que derrubou Dilma Rousseff.
Estes golpistas, de acordo com os batedores de panelas e os definidos sob o conceito de coxinhas, falam um português correto, coisa que, segundo eles, não ocorria com Lula e Dilma. Além desse ponto comum, que eles listam, coloco outro: são homens brancos, preconceituosos, machistas e medíocres.
Afirmo serem medíocres e desafio os parcos leitores e leitoras que tenho a explicitar uma grande, ou melhor, uma ideia propositiva de qualquer um deles. Que explicite qual a propostas deles para tirar o Brasil da encalacrada que meteram.
Todos repetem a mesma ladainha do mercado e da defesa da democracia e da Constituição, enquanto destroem a democracia e rasgam o texto constitucional. Em comum, também enquanto trabalhavam pelo golpe, diziam que o Brasil seria melhor no dia seguinte à derrubada de Dilma. De lá para cá, o Brasil piorou social, econômica, politica e institucionalmente. Tudo é crise.
A nível internacional, é de dar pena do Temer. Ninguém sabe quem ele é e, se sabem, o ignoram. Consequentemente, o Brasil, ao contrário da era Lula/Dilma, quando era protagonista nas principais decisões quanto ao rumo e ao futuro da humanidade, hoje não é reconhecido.
Deram o golpe na Dilma e imaginavam que o vice figurativo seria um presidente representativo. Hoje, é um presidente fantasma.
A Rede Globo, os patos da Fiesp e outros “espertos” agora querem se livrar do (Temer) fantasma e, para isso, contam com Aécio, por trás dos bastidores e Maia, no palco, para dar o golpe no golpe. Maia, como no golpe anterior, trabalha com afinco, talvez até com mais vontade, pois agora ele será o ganhador. O Brasil e os brasileiros e brasileiras seremos perdedores.
Um ganhador que conduzirá o Brasil para onde Temer já está levando desde o primeiro dia, o buraco. Poderíamos já começar a pensar um título para ele, que tal Temer II, já que o primeiro é o temeroso.
O Maia, digo Temer II, tem feito o discurso de que se assumir, e, vai assumir pelo menos por um período, não mudará a equipe econômica. Portanto haverá mais deflação, mais destruição do Estado e mais destruição dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Vai querer, no curto tempo que lhe restará, fazer a destruição de todos os direitos trabalhistas e previdenciários.
O que nos resta é lutar pela restauração da democracia. Fora, Temer. Fora, Maia. Eleições diretas e gerais, já.
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