A cúpula do PMDB tem demonstrado irritação com a postura da senadora diante do processo contra Dilma. Dizendo-se leal à presidente afastada, Kátia não economiza nas críticas ao interino Michel Temer, presidente licenciado do partido, e recorrentemente tem classificado o impeachment como “farsa” – aberta, segundo ela, pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), “escroque internacional” (veja no vídeo abaixo). Na condição de testemunha de defesa e amiga pessoal da petista, a senadora fez diversos discursos duros diante de testemunhas de acusação naquele colegiado especial.
A assessoria de imprensa de Kátia Abreu informa que a senadora não está em Brasília, e que não vai comentar o assunto. O Congresso em Foco entrou em contato com o gabinete da parlamentar e espera uma resposta oficial da senadora para posterior publicação.
Presidente em exercício do PMDB, Romero Jucá (RR) se resume a dizer que a expulsão de Kátia não está descartada. No entanto, o peemedebista evita polemizar sobre a situação da senadora e diz que a questão não está sob discussão do partido no momento.
Fidelidade partidária
Kátia se negou a cumprir a determinação da cúpula peemedebista, em março, quando foram anunciados o rompimento com Dilma e a entrega dos cargos então ocupados no governo por membros do PMDB. Diante da recusa, o diretório baiano do partido solicitou abertura de processo interno contra a senadora, que passou a se submeter à comissão de ética da sigla por desobediência – tanto em relação às decisões do diretório quanto da convenção nacional.
Três outros peemedebistas que se mantiveram no cargo de ministro à época do impeachment em sua fase na Câmara – Mauro Lopes (Aviação Civil), Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) e Marcelo Castro (Saúde) – também viraram alvo de processos no partido. No caso deles, o destino do procedimento disciplinar deve ser o arquivo, uma vez que, na iminência do afastamento definitivo de Dilma, hoje eles estão alinhados ao grupo de Temer.
Uma possibilidade para a senadora, embora ainda não haja qualquer declaração nesse sentido, é que ela peça desligamento do partido antes que seja decidida sua expulsão, em setembro. A decisão não significa que ela corra o risco de perder o mandato com base na resolução do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre fidelidade partidária. Entendimento recente do Supremo Tribunal Federal (STF) deixa claro que, ao contrário dos deputados, senadores podem trocar de sigla e continuar no desempenho de suas funções parlamentares.
Lealdade ministerial
Um das principais defensoras da presidente petista na comissão do impeachment do Senado, Kátia se destacou na defesa da petista na comissão do impeachment e é uma das principais vozes, no Senado, contra o processo de impedimento. Conhecida pelo tom assertivo de suas declarações sobre o assunto, a senadora chegou a dizer que Dilma é vítima de “crueldade” por meio de acusações “injustas”.
Em declaração em uma das reuniões da comissão do impeachment, Kátia elevou o tom para se referir à natureza do processo. “Nós estamos vivendo aqui uma farsa. O inadmissível. E não vejo ninguém dizer da corrupção no governo da Dilma: foi ela sozinha ou foram todos os partidos que mamaram, sugaram este governo durante cinco anos e agora estão do outro lado da mesa pedindo o impeachment da própria?”
Veja no vídeo abaixo: