O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), voltou a criticar a proposta de reforma da Previdência proposta pelo presidente Michel Temer e já em fase final de discussão na Câmara. O parlamentar indicou os colegas Hélio José (PMDB-DF) e Rose de Freitas (PMDB-ES) para representar o partido na Comissão Parlamentar de Inquérito da Casa que vai investigar a contabilidade do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), universo de informações indispensável para examinar se há mesmo o alegado deficit da Previdência. O Planalto tem usado justamente o rombo nas contas públicas para justificar a necessidade de aprovação da matéria.
A CPI foi proposta pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que é contra a reforma previdenciária do governo, e ganhou o apoio de Renan, líder da maior bancada governista no Senado. “A reforma da Previdência não pode uma conta, temos que humanizar a discussão para que possamos fazer os ajustes necessários”, disse Renan em plenário. Esta é mais uma sinalização de que o líder do PMDB está mesmo rompido com o governo. Ele criticou ainda o projeto de terceirização de mão de obra e a proposta de reforma trabalhista, ambos também em discussão na Câmara.
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Renan lembrou que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, tinha projetado uma economia de R$ 830 bilhões se o texto original da reforma da Previdência enviado pelo governo ao Congresso fosse aprovado na íntegra. “Não podemos ficar discutindo esta reforma com base nos números. Toda vez que se faz uma mudança na proposta original o ministro Meirelles refaz as contas. Essa é uma agenda estreita”, disse Renan. A CPI deverá ser instalada assim que todos os líderes indicarem seus representantes, o que está previsto apenas para a próxima semana.
Ruptura
A relação entre Renan e o Palácio do Planalto transformou-se em crise política permanente. O líder do PMDB ainda não indicou os representes do partido na Comissão Mista de Orçamento (CMO), que ainda não começou a funcionar por falta dos membros do PMDB no colegiado.
Nesta quarta-feira (19) o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), enviou documento ao presidente interino da CMO, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), solicitando mais tempo para tentar convencer Renan a aceitar que o PP indique o relator da comissão de orçamento.
Como este site tem mostrado, o coordenador da bancada do PMDB não aceita que o líder do PP, Arthur Lira (AL), que é seu adversário político em Alagoas, indique o relator da comissão de orçamento. Em retaliação, há três semanas Renan cancelou a indicação dos três representantes do partido – Rose e Freitas (ES), Marta Suplicy (SP) e Valdir Raupp (RO) – para compor a comissão de orçamento e paralisou o funcionamento do colegiado.
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