“Não dá para fazer essa avaliação, se ele teria ou não condição de resolver a crise. Seria muito [precoce] essa projeção, mas ele tem boa relação com o Congresso e eu torço que o Brasil melhore, que as coisas comecem a dar certo. Sinceramente, como senador e presidente do Congresso Nacional, torço para que as coisas melhorem”, afirmou Renan.
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Para o peemedebista, que tem sido visto como aliado do governo Dilma Rousseff nos últimos meses, a ida de Lula para a Casa Civil – no lugar de Jaques Wagner, que irá para o gabinete da Presidência da República – servirá ao menos para a construção do diálogo. “Especialmente com o presidente Lula, que, como todos sabem, tem boas relações com o Congresso”, acrescentou o peemedebista.
Já sobre o processo de impeachment, cujo rito está sob análise no STF neste momento, Renan diz que o STF vai dar um norte na análise final sobre o rito a ser seguido pelo Congresso. Para o senador, um dos principais itens a serem pacificados é o relativo ao quórum mínimo para que o processo seja aprovado no Senado.
“Há uma questão que, talvez, possa ser revista que é o quórum de decisão, aqui, na admissibilidade [do processo]. Mais do que nunca, precisamos ser prudentes e equilibrados para que a gente não antecipe as etapas. Que a gente não comece a discutir aqui no Senado o que ainda não foi discutido na Câmara”, alertou o senador.
PublicidadeSuperministério
A informação sobre a ida de Lula para a Casa Civil já foi confirmada pela Presidência da República, mas já havia sido adiantada mais cedo pelos líderes do PT e do governo na Câmara, Afonso Florence (BA) e José Guimarães (CE). Com a alteração ministerial, o petista passará a ter foro privilegiado e só poderá ser investigado ou julgado no Supremo Tribunal Federal (STF). Na prática, escapa da pena do juiz Sérgio Moro, que analisa um pedido de prisão preventiva contra o ex-presidente por iniciativa do Ministério Público de São Paulo.
Antes cotado para assumir a Secretaria de Governo, no lugar de Ricardo Berzoini, Lula assume a função para fazer a história se repetir com papeis invertidos: Dilma foi a ministra da Casa Civil de Lula, no segundo mandato do petista. Com a mudança, a principal pasta do governo, responsável por centralizar as ações do Executivo, passa a ter status de superministério – no Congresso, a oposição diz que o governo Dilma acabou, e que Lula passará a ser o verdadeiro presidente.
Já governistas dizem que o ex-mandatário reunificará a base, de maneira a sepultar o processo de impeachment, e ajudará Dilma a tirar o país da crise. Tanto na Câmara quanto no Senado, parlamentares da base de sustentação ao governo se revezam nos respectivos plenários, desde o anúncio da troca, em festejos e boas-vindas a Lula.