De carona na popularidade do ex-presidente Lula com vistas às eleições de outubro, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) gravou mais um vídeo (veja abaixo) em que, além de fazer uma previsão a respeito do que acontecerá caso o petista seja preso, diz que o presidente Michel Temer (MDB), seu ex-aliado, “encolheu” diante do quadro institucional brasileiro. O senador, que errou a previsão anterior sobre o ex-presidente, agora parece admitir que o aliado pode ser preso em breve.
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Segundo Renan, Lula foi condenado sem provas e, por isso, prendê-lo “sem trânsito em julgado” – ou seja, esgotadas todos as possibilidades de recursos em todas as instâncias – seria algo perigoso. A eventual prisão, diz o emedebista, atiraria o país “na mais insana e inconcebível crise institucional”.
Sobrou até para os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). “Nenhuma democracia sobrevive sem Constituição e sem que um dos Poderes assuma a condição de Poder Moderador. O Michel encolheu; a omissão dos chefes do Legislativo encolheu o Congresso Nacional. Não tem jeito…”, declara o senador.
“Quando, na [Assembleia Nacional] Constituinte, nós criamos o Supremo Tribunal Federal foi para guardar a Constituição [Federal de 1988]. Protegê-la, garanti-la, defendê-la. Não para modificá-la. Não cabe ao Supremo Tribunal Federa fazer isso – falo com a responsabilidade de quem aprovou e promulgou 37 emendas à Constituição nas quatro vezes em que presidi o Congresso Nacional”, discursa Renan, para quem o STF “tem que ser o Poder Moderador” e não deve permitir que outro Poder assuma tal papel.
Veja no vídeo de um minuto e meio:
Regras do jogo
Réu no STF e um dos políticos mais experientes no atual cenário político – e também mais enrolados judicialmente (veja mais aqui) –, Renan aproveita a onda pré-eleitoral e surfa nos altos percentuais que Lula, em comparação com os demais presidenciáveis, tem alcançado em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas nos últimos meses. Mesmo diante de condenação por corrupção e lavagem de dinheiro e na iminência de prisão, o petista é o líder das preferências em todos os cenários, seja qual for o candidato.
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De olho neste capital político, o senador do MDB – um dos partidos com mais investigados em operações como Lava Jato e Zelotes – tem participado de comícios com Lula e defendido publicamente o pré-candidato do Partido dos Trabalhadores. É no Nordeste de Lula e Renan, um dos caciques políticos de Alagoas, que o ex-presidente tem mais popularidade e, consequentemente, intenções de voto.
Renan, ex-líder do PMDB no começo da gestão Temer (31 de agosto de 2016), tem aproveitado o ano eleitoral para remar no sentido oposto: o presidente registra, nas mesmas pesquisas populares, índices de rejeição superiores a 90%, e ainda é alvo de quatro inquéritos no STF. Tal situação de Temer é sempre lembrada pelo senador em discursos no plenário do Senado, com constantes referências ao deputado cassado, condenado e preso Eduardo Cunha (MDB-RJ), alvejado pela Lava Jato, a quem Renan atribui interferência na gestão Temer.
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