A proposta, enviada pelo governo há duas semanas, retira o teto do limite para o abatimento com despesas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações, para conseguir alcançar a meta fiscal prevista para este ano, foi retirado. O valor previsto para economia era de R$ 116,1 bilhões. Porém, R$ 67 bilhões poderiam ser abatidos da meta. Na prática, a proposta permite que o Planalto troque a economia prevista anteriormente pelo investimento no PAC e pelas isenções tributárias.
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Oficialmente, líderes da base afirmam que a votação não foi cancelada, mas que a discussão será retomada a partir da leitura do relatório. A maior reclamação da oposição ontem foi a supressão de etapas previstas no regimento comum para o debate da proposta. O presidente da CMO, deputado Devanir Ribeiro (PT-SP), e o relator do projeto, Romero Jucá (PMDB-RR), aceleraram a votação a ponto de oposicionistas não conseguirem se posicionar nem apresentar requerimentos para obstruir a sessão.
Como consequência, a oposição ameaçou acionar o Supremo Tribunal Federal (STF). Líderes governistas, então, passaram a ponderar que um mandado de segurança na mais alta corte do país teria uma boa possibilidade de ser aceito, o que forçaria uma nova análise de qualquer jeito. “A oposição não teve tempo de discutir porque cercou a mesa, fez tumulto e a votação foi expressa. A oposição não quis discutir, quis tumultuar”, disse Jucá, que não concorda com o cancelamento.
“O avanço na pauta do Congresso Nacional, na apreciação dos vetos, e qualquer outra matéria orçamentária passa necessariamente pela anulação da sessão da CMO da noite de ontem. Foi um ato que mostrou a forma de atuação de parte da bancada do governo que quer passar por cima da bancada da oposição, desrespeitando o regimento e a Constituição Federal”, afirmou o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE).
A ameaça de acionar o STF surtiu efeito. Líderes governistas saíram da reunião admitindo o recuo. O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), por exemplo, disse que ninguém quer “radicalizar” com a oposição. Na visão do peemedebista, se Renan mantivesse a decisão da CMO, seria instalado um “clima de guerra” no Congresso. “Vamos retomar a discussão do momento em que começou a discussão mais severa”, afirmou.
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