O senador Roberto Rocha (PSB-MA), relator da indicação da procuradora Raquel Dodge à Procuradoria-Geral da República (PGR) na Comissão de Constituição, Justiça (CCJ) do Senado, leu, nesta quarta-feira (5), seu relatório favorável à indicação de Raquel Dodge para suceder o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Em seu relatório, Rocha ressaltou aspectos do extenso currículo da subprocuradora-geral e mencionou que ela teve “apenas” 34 votos a menos que o mais votado na lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o atual vice-procurador-geral Nicolao Dino.
O comentário foi um contraponto às criticas sobre a opção de Temer por Raquel Dodge, que ficou em segundo lugar na lista, quebrando uma tradição vinda dos governos petistas de acolher o primeiro nome indicado. “Apenas 34 votos a menos que o mais votado (pouco mais de 3% de diferença), sendo que foi a campeã de votos individuais, entre aqueles que optaram por apenas um candidato. Tem, portanto, amplo apoio da categoria”, ressaltou. Raquel recebeu 587 votos, enquanto Nicolao Dino teve 621.
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Ao escolhê-la, Michel Temer quebrou a prática adotada nos últimos 14 anos pelos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff de endossar o procurador mais votado pelos membros do MPF. Embora tal procedimento tenha sido inaugurado pelo PT, era severamente criticado por integrantes do partido, por tolher a liberdade de escolha do chefe do Executivo perante uma instituição já extremamente poderosa.
“Há elementos suficientes para que esta comissão se manifeste sobre a indicação de Raquel Dodge”, concluiu Rocha. Após a leitura do relatório, o presidente da CCJ, senador Edison Lobão (PMDB-MA) concedeu vista coletiva do processo e marcou a sabatina e a votação para a próxima quarta-feira (12).
Raquel foi escolhida pelo presidente Michel Temer na quarta-feira da semana passada. A escolha ocorreu 24 horas depois de os membros do Ministério Público Federal elegerem a lista tríplice para a definição do novo ocupante do cargo. Janot deixa a PGR no dia 17 de setembro.
Nas discussões internas do Ministério Público, Dodge vinha fazendo críticas ao que considerava excessiva mobilização de recursos materiais e humanos para a Operação Lava Jato, argumentando que o MP tem outras frentes importantes para atuar.
PublicidadeA subprocuradora é mestre em Direito pela Universidade de Harvard (EUA) e, da lista, é a mais distante do atual procurador-geral, com quem Temer se encontra em guerra aberta. Com longa atuação em matéria criminal, Dodge atuou na equipe que obteve a condenação dos membros da quadrilha liderada pelo ex-deputado Hildebrando Pascoal, no Acre, e na Operação Caixa de Pandora, que levou ao afastamento do então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Ela está na carreira do MPF desde 1987.
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