“Fico feliz de ver o PDT falando em independência tanto no plano local como federal, posição que estou desde sempre. Só quero lembrar que, para ser independente de fato, tem que não ter cargos no governo e votar pensando na população, assim como eu faço”, vociferou o senador, direcionando a crítica.
Leia também
“Querer ser independente tendo cargos no governo e votando aumento de impostos contra o contribuinte é uma piada. E de péssimo gosto!”, acrescentou Reguffe, sem precisar lembra que o PDT detém, entre outros postos no governo federal, o comando do Ministério do Trabalho, com Manoel Dias.
O discurso de Rodrigo pode ser aplicado tanto no Senado, em que membros de seu partido mantém relações estreitas com a base de sustentação do governo – embora na contramão de Cristovam Buarque (DF), figura expoente da legenda –, quanto na Câmara Legislativa. A exemplo de Reguffe, Cristovam, ex-ministro da Educação no governo Lula (2003-2010), critica o ajuste de Dilma e defende abertamente o desembarque do partido da base aliada.
Na última terça-feira (2), foi a vez de a deputada distrital Celina Leão (PDT), presidente da Câmara Legislativa, romper com o governo local. A questão é que o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), teve apoio de Cristovam nas eleições de outubro de 2014, e manifestou contrariedade com a decisão unilateral de Celina, que não fez questão de ouvir nem ele nem Reguffe antes de anunciar sua saída da base.
Dissidência
Cristovam sabe o que motivou Celina, mas mantém o apoio a Rollemberg. Em uma espécie de reprodução local das decisões do governo em nível federal, o Governo do Distrito Federal (GDF), envolto em atrasos de salário de servidores e com escassez de recursos em caixa, também tem tomado decisões de arrocho fiscal, aumentando impostos e redefinindo o repasse de recursos para setores diversos.
A alegação de Rollemberg é ter encontrado as contas da gestão anterior, exercida pelo petista Agnelo Queiroz, em situação de calamidade, com um rombo estimado em mais de R$ 3 bilhões – o que o levou, como este site mostrou em 30 de abril, a convocar coletiva de imprensa em seus 120 dias de governo para explicar a situação e dizer que Agnelo descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal.
A desculpa não convence Celina. Em mais um de suas demonstrações de insatisfação com o GDF, a deputada disse que há muito o que ser mudado na gestão Rollemberg, com um recado direto ao governador – e com o mesmo objeto de reclamação de Reguffe. “Para começar, tirando os petistas que ainda estão no governo. E tem vários! Acho que é por isso, talvez, que muita coisa não mudou”, vociferou. “A população escolheu, quer um novo projeto para a cidade, e não a continuidade do projeto anterior.”
Veja no vídeo:
Hoje (sexta, 5), a bancada do PDT na Câmara divulgou nota criticando o aumento na taxa básica de juros (Selic), que foi a 13,75% ao ano na quarta-feira (3), e o “receituário neoliberal” do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, no esforço de ajuste fiscal do governo. “Já não há mais como esconder que a opção do governo em render-se ao mercado financeiro se mostra definitiva. O PDT vem alertando para os riscos dessa escolha”, diz trecho do documento, assinado pelo líder do PDT, André Figueiredo (CE).