Uma das maiores redes de supermercados do Paraná, a Rede Condor, decidiu suspender a veiculação de anúncios publicitários no intervalo dos jornais e das novelas da TV Globo. A medida foi anunciada nas redes sociais nesta segunda-feira (4) e, segundo a empresa, é uma maneira de protestar contra a veiculação de matérias “sensacionalistas” que atacam a imagem do presidente Jair Bolsonaro.
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“Tal decisão está fundamentada na parcialidade que o jornalismo nacional desta emissora vem demonstrando, onde apresenta matérias sem o devido cuidado, apenas de cunho sensacionalista, especialmente contra o Presidente da República”, informou a rede de supermercados, cujo proprietário, o empresário Pedro Zoanir Jonta, já havia demonstrado apoio ao governo Bolsonaro. Zonta já postou fotos com Bolsonaro e os ministros Sergio Moro e Ricardo Salles na sua conta pessoal do Instagram.
“Temos constatado muitas medidas que beneficiarão o futuro do país, mas muito pouco tem sido divulgado, demonstrando a parcialidade que parte da imprensa tem praticado”, continua a empresa, que comunicou a suspensão de parte da campanha publicitária que mantinha com a Globo no Facebook. O post, publicado na página oficial da Rede Condor, teve mais de 2,2 mil comentários e mais de 1,5 mil compartilhamentos. Veja:
Com mais 12 mil colaboradores e 49 lojas, a Rede Condor ressaltou, por sua vez, que vai manter os investimentos na afiliada da Rede Globo no Paraná, a RPC, em uma tentativa de reforçar “a programação regional e de entretenimento saudável”. A suspensão das campanhas publicitárias vale, portanto, para os horários referentes aos jornais de exibição nacional da Globo, como o Jornal Nacional, e aos programas que, no entendimento da empresa, contrariam “os princípios e os valores familiares”. Entram nesse rol de programas, a novela das nove e Malhação. “Não cortamos as propagandas da RPC, afiliada Globo, apenas não serão veiculadas em certos horários”, destaca a rede atacadista.
PublicidadeA medida da Rede Condor foi anunciada poucos dias depois de a TV Globo veicular no Jornal Nacional o depoimento do porteiro que associava a família Bolsonaro a um dos suspeitos de ter assassinado a vereadora Marielle Franco. O depoimento já foi deslegitimado pelo Ministério Público e pelo próprio Bolsonaro, mas continua sendo questionado, sobretudo depois que o presidente pegou os registros da portaria do condomínio em que morava no Rio de Janeiro, com a ajuda do filho Carlos Bolsonaro, dizendo que a medida era necessária para que os áudios não fossem adulterados. A oposição chegou até a pedir a busca e apreensão desse material e quer que o Ministério Público faça uma nova perícia sobre os áudios da portaria.
A suspensão de campanhas publicitárias na Globo, por sinal, foi sugerida pelo próprio Bolsonaro na live realizada na semana passada. Na transmissão, o presidente criticou a TV Globo pela publicação do depoimento do porteiro e acusou a emissora de perseguição, já que estava em Brasília no dia da morte de Marielle. No fim, ainda ameaçou não renovar o contrato de concessão da Globo e sugeriu que os empresários deveriam rever o investimento publicitário na emissora.
É por isso que a Rede Condor garante que não é a única empresa a romper acordos com a Globo em repúdio à publicação de matérias como essa. Segundo a rede de Pedro Joanir Zonta, “atitude semelhante vem sendo adotada por várias empresas que compactuam da nossa mesma preocupação com o futuro do nosso país”.
A Bocchi Agronegócios, que também é do Paraná, por exemplo, não anunciou a suspensão de campanhas publicitárias, mas emitiu uma nota de repúdio à TV Globo que teve mais de 17 mil compartilhamentos no Facebook. Na nota, a empresa manifesta “apoio incondicional” a Bolsonaro e acusa a Globo de tentar “abalar a ordem no país através de graves calúnias contra o chefe maior do estado”.
Aliado de Bolsonaro e dono da rede Havan, o empresário Luciano Hang também usou as redes sociais para “parabenizar os empreendedores que estão cancelando suas propagandas por não compactuarem com as fake news da Globo”.
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