Liderada pelo presidente nacional do PSDB, Aécio Neves (MG), a primeira comitiva pretendia visitar líderes da oposição ao governo Nicolás Maduro, presos desde o início do ano passado, e cobrar eleições parlamentares. No episódio, o ônibus que transportava a representação brasileira foi interpelado em um congestionamento e, diante da hostilização de venezuelanos, teve de retornar ao aeroporto da capital Caracas.
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No dia seguinte, depois de ampla repercussão, uma nova comitiva foi constituída por senadores alinhados à esquerda. Na justificativa do requerimento, com discurso de respeito à soberania venezuelana e em nome de boas relações diplomáticas, alegou-se que “os ilustres senadores que compõem aquela comissão marcam o seu discurso pela indução ao acirramento dos ânimos, tanto para atingir objetivos na política interna brasileira (desgaste político do governo federal), como para fortalecer um dos lados na disputa democrática venezuelana”.
Agora desfalcada por Randolfe, a nova comitiva reúne os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), autor do requerimento da missão oficial, Roberto Requião (PMDB-PR), Lídice da Mata (PSB-BA) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Para justificar sua exclusão do grupo, Randolfe alegou, por meio de sua assessoria, ter “compromissos inadiáveis no Amapá” que o obrigaria a permanecer no Brasil.
“A partir desta quinta-feira (25), Randolfe estará acompanhando o ministro da Cultura, Juca Ferreira , em visita oficial a Macapá, num programa de eventos agendados há mais de quatro meses com o ministério”, explicou a assessoria. “Randolfe agradeceu ao convite do senador Lindbergh Farias, autor do requerimento que formalizou a futura visita de senadores à Venezuela, e comunicou a ele sobre os compromissos que impedem sua presença na comitiva.”
Enredo
PublicidadeO assunto está longe do desfecho. Na sessão não deliberativa desta terça-feira (23), senadores voltaram a se revezar em apartes ao discurso de Aécio Neves em plenário. A exemplo do que foi feito na última sexta-feira (19), no dia seguinte ao incidente na Venezuela, principalmente oposicionistas manifestaram repúdio à postura do governo Maduro, classificando-o com uma ditadura, e cobraram um posicionamento da presidenta Dilma Rousseff e das autoridades diplomáticas brasileiras.
Durante o pronunciamento de Aécio, chegou ao Senado a notícia de que eleições parlamentares foram marcadas para dezembro naquele país. Além disso, informou-se que o líder do partido de oposição Vontade Popular, o venezuelano Leopoldo López, pôs fim à greve de fome iniciada há cerca de 30 dias. López está preso desde fevereiro de 2014 sob acusação de ter fomentado os protestos que, àquela época, resultaram em violência policial e morte de manifestantes.
Mais cedo, este site veiculou entrevista sobre o assunto com o ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Ricardo Ferraço (PMDB-ES), um dos integrantes da primeira comitiva à Venezuela. Único peemedebista no grupo, Ferraço faz coro à oposição e acusa o governo brasileiro de mentir sobre o tratamento dispensado aos parlamentares em Caracas. Ele disse que autoridades diplomáticas do Brasil na Venezuela os abandonaram e, em momento algum, informaram-nos de que não seriam acompanhado por representantes do consulado. “Isso é uma brutal mentira”, rebateu Ferraço ao Congresso em Foco.
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