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A representação foi assinada pelos deputados Vilson Covatti (RS), Afonso Hamm (RS), José Otávio Germano (RS) e Luis Carlos Heinze (RS) e entregue aos presidentes do partido, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), e ao Conselho de Ética do PP, senador Ciro Nogueira (PP-PI). Eles fazem parte de um grupo próximo ao deputado Mário Negromonte (PP-BA), ex-ministro das Cidades que deixou o cargo após denúncias, em 2011.
Já Goergen é um parlamentar ligado ao grupo que conseguiu indicar Aguinaldo Ribeiro para o Ministério das Cidades. Os dois principais articuladores do nome do atual ministro são Ciro Nogueira e o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE). Em 2011, os dois encabeçaram uma articulação que retirou Nelson Meurer (PP-PR) da liderança do partido e colocou Aguinaldo no lugar. Com a ida do parlamentar da Paraíba para a pasta, Arthur Lira (PP-AL) assumiu o posto.
Líderes no Congresso enrolados na Justiça
O grupo de deputados, rivais de Goergen na legenda, reclama que o representado fez anúncio, de forma “prematura e descabida”, sobre a liberação de recursos, via Ministério das Cidades, para obras da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2). O objetivo de Goergen, alegam os parlamentares gaúchos, é se promover politicamente por meio de reportagens na imprensa do Rio Grande do Sul.
Tráfico de influência
Segundo a representação, a conduta “abusiva e antiética” de Goergen, vice-líder do PP na Câmara, configura “tráfico de influência”, pelo suposto uso de informação privilegiada obtida junto à cúpula daquela pasta. Anexando ao documento cópias de reportagens diversas, o grupo cita tipificação criminal constante do Código Penal, legislação que não tem efeito para julgamento no Conselho de Ética.
A representação tem como título “Repulsa às atitudes tomadas pelo deputado Jerônimo Goergen”. “Essa conduta é prematura porque as referidas destinações, provenientes do PAC 2, ainda se encontram em análise por da assessoria técnica do Ministério das Cidades, responsável pelo Programa de Aceleração do Crescimento traçado pelo governo federal. Ou seja, não houve, ainda, anúncio oficial, seja por parte da Presidente da República Dilma Rousseff, seja pelo nosso colega Ministro Aguinaldo Ribeiro”, argumentam os deputados.
Ainda segundo a representação, a “leviana” ação de Goergen “pode causar transtornos” ao governo federal, àquele ministério, aos municípios envolvidos e ao próprio PP caso caiam “nas mãos da grande mídia” e ganhem espaço no noticiário nacional.
“Como admiradores e leais ao brilhante trabalho desenvolvido pelo nosso ministro Aguinaldo Ribeiro, temos absoluta convicção que o mesmo não compactua com esse tipo de procedimento que privilegiaria um único parlamentar em detrimento de toda uma bancada”, registra o documento, que reúne uma lista de 25 municípios gaúchos e as respectivas destinações de verba – coincidentemente, Santa Maria, recentemente abalada com a morte de 239 em incêndio, é o município com maior montante reservado, R$ 200 milhões.
“Culpa de existir”
Em entrevista ao Congresso em Foco, Goergen disse que os outros deputados gaúchos adotaram o mesmo expediente que moveu a representação no Conselho de Ética, como o próprio Luis Carlos Heinze. Intengrante da bancada ruralista, Heinze é considerado pelos colegas como um independente do partido. Segundo o deputado, muitos enviaram representantes ao Ministério das Cidades para receber informações prévias dos recursos a serem liberados, bem com a relação inicial dos municípios contemplados. Toda a bancada gaúcha, incluindo parlamentares do PT, disse Goergen, capitalizaram politicamente as informações do ministério em suas bases eleitorais.
“Na quinta-feira antes do Carnaval, eu e a bancada do PP toda recebemos telefonema. O celular de alguns talvez não tenha funcionado, mas a grande maioria eu sei que esteve lá com o ministro em exercício, Alexandre Cordeiro, para receberem as informações. Os caras assinam um documento contra mim porque eu tenho uma informação privilegiada, mas antes que eu desse as entrevistas, eles já estavam dando. Tenho culpa de quê? Culpa de existir, eu acho…”, declarou o deputado, para quem seu chefe de gabinete e assessores de outros deputado do Rio Grande do Sul obtiveram as mesmas informações. “Eu recebi a mesma informação que todo mundo recebeu.”
Segundo Goergen, a representação tem motivação política “desnecessária”. “Eu lamento. O deputado Covatti não é vinculado ao nosso grupo, que hoje tem uma liderança dentro da bancada”, relatou o deputado, lembrando que Covatti resolveu concorrer como candidato avulso do PP ao posto de segundo secretário da Mesa Diretora, gerando atritos com o comando do partido na Câmara – o que quase levou o líder Arthur Lira a ingressar no Conselho de Ética. “Ele chegou a fazer uma cédula colocando o nome dele no lugar do candidato oficial.”
Apontando “má-fé” dos colegas de partido, Goergen lembra que todos receberam carta branca do ministério para divulgar as informações preliminares, antes do anúncio oficial sobre os recursos do PAC-2 destinados aos municípios gaúchos. Ele disse não acreditar no êxito da representação no Conselho de Ética, por mão ter “citação regimental”, e que ainda não foi notificado sobre a peça acusatória. Caso isso aconteça, garantiu, enviará como defesa ao colegiado uma relação de reportagens da imprensa gaúcha, com datas de publicação anteriores às matérias que o citam, em que nomes como Luis Carlos Heinze atribuem a si mesmo a liberação dos recursos.