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O Congresso em Foco apresenta, a seguir, uma compilação das informações declaradas por esses nove prefeitos de capital à Justiça eleitoral. Amanhã (27), vence o prazo para os eleitos apenas no segundo turno entregarem suas prestações de conta.
Márcio Lacerda
Candidato que mais arrecadou, dentre os eleitos em primeiro turno, o prefeito reeleito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), declarou ter arrecadado R$ 21,5 milhões. Desse total, R$ 15,3 milhões tiveram origem oculta. Saíram do comitê financeiro municipal e dos diretórios municipal e nacional do PSB. Márcio foi o candidato que mais tirou dinheiro do próprio bolso para botar na campanha eleitoral. Foram R$ 4 milhões. Entre os principais doadores dele, estão a Constran S/A Construções e Comércio, com R$ 500 mil, e os bancos BMG e Itaú Unibanco, com R$ 300 mil cada.
Veja quem financiou a campanha de Márcio Lacerda em BH
Eduardo Paes
Quase 90% dos recursos declarados pelo prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), tiveram origem oculta. Nada menos que R$ 18,7 milhões, dos R$ 21,2 milhões arrecadados, vieram do comitê financeiro municipal e dos diretórios estadual e nacional do PMDB. Depois dessas fontes, os maiores doadores de Paes foram o Banco Itaú Unibanco e a Multiplan Empreendimentos Imobiliários S/A, empresa que controla o BarraShopping, entre outros centros comerciais.
Veja quem financiou a campanha de Eduardo Paes no Rio
Geraldo Júlio
Metade dos R$ 7,1 milhões arrecadados pelo prefeito eleito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), foi repassado pelos diretórios estadual e nacional do PSB, ou seja, por meio de doação oculta. O candidato teve outras 27 fontes de financiamento. O maior repasse foi feito pela Indústria de Bebidas Igarassu, que contribuiu com R$ 600 mil. Depois, apareceram a Indústria de Alimentos Bom Gosto, com R$ 550 mil, e a Schincariol, com R$ 400 mil. Entre as empreiteiras, a maior doadora foi a OAS Ltda, que repassou R$ 500.000 à campanha do candidato.
Veja quem financiou a campanha de Geraldo Júlio em Recife
José Fortunati
O prefeito reeleito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), informou ter recebido R$ 6 milhões (97,5%) dos R$ 6,2 milhões que arrecadou do Comitê Financeiro Municipal. Foi o segundo maior percentual de doações ocultas entre os eleitos em primeiro turno nas capitais. Só há uma pessoa jurídica entre os demais financiadores do candidato, o Banco Itaú Unibanco, que contribuiu com R$ 150 mil. Há mais quatro doadores, pessoas físicas, que destinaram R$ 1 mil cada para a campanha.
Veja quem financiou a campanha de José Fortunati em Porto Alegre
Paulo Garcia
O prefeito reeleito de Goiânia, Paulo Garcia (PT), declarou ter arrecadado R$ 5,6 milhões. Desse total, R$ 3,8 milhões (69%) tiveram origem ocultam, vieram dos diretórios estadual e nacional do PT. Além dos repasses partidários, Paulo Garcia recebeu de outros 44 financiadores. A maior contribuição foi dada pela Porto Belo Engenharia e Comércio, que destinou R$ 200 mil à campanha. O Itaú Unibanco doou R$ 150 mil e a Goiânia Agrocomercial, R$ 135 mil. A maior doação de pessoa física foi feita pelo deputado Sandro Mabel (PMDB), aliado do petista, que repassou R$ 100 mil para a campanha do prefeito reeleito.
Veja quem financiou a campanha de Paulo Garcia em Goiânia
João Alves
De volta à prefeitura de Aracaju, mais de 30 anos após sua primeira passagem pelo comando da capital sergipana, João Alves Filho (DEM) arrecadou R$ 4 milhões. Desse total, R$ 3,7 milhões (93%) tiveram origem oculta, foram intermediados pelo comitê financeiro e pelo diretório nacional do Democratas. Entre os demais financiadores, estão dez empresas privadas. A Construtora Cunha Ltda, com R$ 150 mil, a Cencosud Brasil Comercial e a Votorantin Industrial, com R$ 50 mil cada, foram as principais incentivadoras financeiras.
Veja quem financiou a campanha de João Alves em Aracaju
Rui Palmeira
Dos R$ 3.741.116 declarados pelo prefeito eleito, R$ 3.173.066 (85%) tiveram origem oculta, foram repassados pelos diretórios municipal e nacional do PSDB. Além desses repasses, Rui Palmeira recebeu de oito doadores particulares. Ele próprio contribuiu com R$ 12 mil. As maiores contribuições foram dadas pela DP Barros Pavimentação e Construção Ltda., que contribuiu com R$ 300 mil, pelas Usinas Reunidas Seresta S/A, com R$ 100 mil, e pela Editora Cered, que destinou R$ 60 mil.
Veja quem financiou a campanha de Rui Palmeira em Maceió
Carlos Amastha
Entre os prefeitos de capital eleitos em primeiro turno, o colombiano naturalizado brasileiro Carlos Amastha (PP) foi o que teve menos doações ocultas. Apenas 10% (R$ 408 mil) dos R$ 4 milhões por ele declarados. O prefeito eleito de Palmas foi o segundo que mais usou recursos próprios. Ele foi o principal financiador de sua campanha, com R$ 3,1 milhões. Entre as pessoas jurídicas, a maior doadora foi a Sociedade Técnica Educacional da Lapa, mantenedora da Faculdade Educacional da Lapa, do Paraná, com R$ 210 mil.
Veja quem financiou a campanha de Carlos Amastha em Palmas
Teresa Surita
A prefeita eleita de Boa Vista, deputada Teresa Surita (PMDB), declarou ter recebido R$ 1,96 milhão do diretório estadual do partido. Ou seja, é a única, dentre os prefeitos de capital eleitos em primeiro turno, a ter 100% dos recursos arrecadados vindos de origem oculta. “Como candidata, não cuidei de doações. Tudo foi feito seguindo a norma do Tribunal Superior Eleitoral. Não tive relação com nenhum doador”, disse a deputada, por meio de sua assessoria.
Veja quem financiou a campanha de Teresa Surita em Boa Vista
Doações ocultas
Dos R$ 75,5 milhões arrecadados pelos nove prefeitos de capital eleitos em primeiro turno, R$ 57 milhões (75%) tiveram origem oculta. Esse montante foi atribuído pelos candidatos eleitos a repasses dos comitês financeiros e aos diretórios de seus partidos políticos.
Apesar de os comitês e os diretórios também serem obrigados a informar de quem receberam, não é possível precisar o destino final da doação, já que os recursos são pulverizados entre diversos candidatos. Para o juiz Márlon Reis, coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral e um dos idealizadores da Ficha Limpa, as doações ocultas são um mecanismo de autoproteção de empresas que não querem ter seus nomes vinculados a candidatos. “Isso impede o eleitor de conhecer o caminho do dinheiro”, avalia.
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