Roseann Kennedy*
A postura de independência do PV foi por uma questão objetiva: as eleições de 2014. Frente ao potencial de votos e à liderança política que Marina Silva demonstrou ter, a legenda optou por apostar no fortalecimento como uma via alternativa.
Para muitos, os verdes amarelaram. Mas a crítica parte principalmente dos eleitores de Dilma Roussef ou José Serra que esperavam o apoio formal para suas campanhas, na tentativa de capitalizar os quase 20 milhões de votos que Marina teve no primeiro turno.
Hoje pela manhã, eu ouvi um senhor de seus setenta anos, conversando no ônibus, e ele dizia a seguinte frase: “Ela (Marina) amarelou, agora eu vou esperar apodrecer e cair.”
A outra frase que ouvi foi: “Se ela já foi expulsa do PT, como pode ficar neutra? Tinha de ser contra eles”. Vale ressaltar que Marina não foi expulsa, foi ela quem optou por deixar o Partido dos Trabalhadores.
Declarações assim claro que mostram o risco que a presidenciável verde corre de ser vista como uma pessoa em cima do muro. Mas realmente não consigo achar que fizesse sentido o PV e principalmente Marina integrar campanha A ou B, depois de não ter poupado críticas a nenhum dos lados.
Numa das mensagens que recebi no twitter nesta segunda, um eleitor perguntava: “Será que se as pesquisas de intenção de voto tivessem uma diferença significativa, apontando vitória certa de determinado candidato, os verdes também teriam optado pela independência?”.
A resposta que dá para ter certeza é de que a pressão interna no Partido Verde seria muito maior. Porque nos bastidores sabemos dos canais abertos para negociação de cargos no Governo, o que gerou inclusive desentendimento entre os integrantes do PV.
Então, depois de ter tentado se mostrar como quem não representava nenhum dos lados, seria vergonhoso se o PV cedesse ao fisiologismo e apoiasse qualquer um dos dois candidatos de olho nos cargos que poderá obter na Esplanada dos Ministérios.
A declaração de independência foi realmente política e não estatística. Porque nos números, segundo fontes internas do partido, a tendência de apoio no PV a José Serra ultrapassava 60%. Dilma Roussef teria trinta e poucos por cento. Só que Marina Silva não queria vincular sua imagem de forma alguma aos candidatos e ficaria numa condição desconfortável na legenda.
Isso não seria interessante para o PV. Um partido que nunca teve desempenho tão significativo nas urnas e que por muito tempo foi satirizado por ter bancada de uma só pessoa na Câmara dos Deputados.
* Roseann Kennedy é comentarista política da CBN. De segunda a sexta-feira, escreve esta coluna exclusiva para o Congresso em Foco
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