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Em entrevista ao Congresso em Foco, o senador refutou a tese de golpismo e reafirmou que a hipótese de impedimento de Dilma sempre foi levada a sério pelas oposições. “O pedido, se formulado, será robusto, consubstanciado, consistente. Não deixará margem para essa interpretação [de golpe]. Estamos estudando essa possibilidade e, se a caracterização [jurídica] ocorrer, faremos sem qualquer dúvida”, observou Cássio Cunha, contrapondo-se aos pedidos de impeachment feitos sem fundamentação.
“O debate do impeachment sempre foi levado a sério, tanto é que sempre teve a parcimônia de tempo que a seriedade exigia. Eu sempre disse, em nome da bancada do PSDB, das oposições, que impeachment não é golpe. Qualquer procedimento previsto na Constituição não pode ser assim encarado”, completou o parlamentar.
Cássio lembrou que Vaccari prestou, “de forma coercitiva”, um depoimento à CPI da Petrobras em curso na Câmara, quando o petista voltou a negar que recebeu propina por meio do esquema de corrupção na Petrobras – o objeto de sua acusação na Lava Jato – e reafirmou a regularidade das doações de campanhas petistas. “Para ele [Vaccari] vir a ser preso depois de ter prestado esse depoimento, seguramente é porque provas muito contundentes surgiram”, avaliou o parlamentar paraibano, acrescentando que a oposição “não vai fraquejar” em seu papel.
Impeachment na pauta
Na últimas semanas, o tema do impeachment foi tratado com certa reserva na cúpula do PSDB. No entanto, a discussão do tema é estimulada junto à opinião pública por caciques tucanos como o senador Aécio Neves (MG) e o próprio Cássio, na esteira das manifestações de rua que pedem exatamente o impedimento da petista. Apenas tucanos mais radicais, principalmente na Câmara, pedem abertamente um processo de cassação de Dilma.
Por seu turno, outros setores oposicionistas como o Solidariedade, partido fundado pelo deputado Paulinho da Força (SP), articularam a apresentação formal de pedidos de impeachment para Dilma. O partido colheu assinaturas para petição com esse propósito e, depois das últimas manifestações, diz-se pronto para entregá-la ao comando da Câmara, onde tem início a tramitação desse tipo de pedido. Depois dos protestos de domingo, o partido avisou que vai cobrar justamente de partidos como PSDB e DEM, as duas maiores siglas oposicionistas, uma posição sobre o assunto.
Novo contexto
Com a prisão de Vaccari, movimentou-se o tabuleiro político em nível nacional, colocando o PT em situação ainda mais delicada. Tão logo foi anunciada a prisão de Vaccari, a cúpula do partido convocou reunião extraordinária para esta quarta-feira (15), em São Paulo, com o afastamento do tesoureiro na pauta – reuniões já haviam sido marcadas para amanhã (quinta, 16) e sexta-feira, mas os dirigentes petistas adiantaram as tratativas diante das novidades.
A expectativa é que o PT divulgue uma nota ainda hoje (quarta, 15) sobre a prisão de Vaccari. O partido também deve anunciar um tesoureiro interino para ocupar a função do petista preso.
Para Cássio, estão “cada vez mais claros e nítidos os crimes que foram cometidos não apenas durante o primeiro mandato [de Dilma], como durante o processo eleitoral e, agora, neste segundo mandato”. “É uma ação continuada de crimes”, acrescentou o tucano.
Cássio Cunha disse que a oposição vai contestar os “argumentos” usados pela Procuradoria-Geral da República para não incluir a presidenta Dilma Rousseff entre os investigados na Operação Lava Jato, quando da lista entregue em 6 de março ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral, Rodrigo Janot. O tucano disse ainda que, se até o STF não se apresenta apto a investigar Dilma, o Senado deve fazê-lo.
“Vamos continuar argumentando. Na República, não há qualquer cidadão ou cidadã que não possa ser alvo de investigação, por mais importante que seja. Se o Supremo [Tribunal Federal] não se encontra com capacidade e competência constitucional para investigar a presidente, o Senado então tem essa responsabilidade”, declarou o tucano, para quem a prisão de Vaccari compromete de vez o PT e a gestão Dilma.
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