O diretório brasiliense do PSDB decidiu romper a parceria com o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). Em nota, o partido declarou sua “total frustração com o desempenho atual do ocupante do Palácio do Buriti” e solicitou a todos os filiados que ocupam cargos na estrutura do Governo do Distrito Federal que “peçam desligamento o mais rápido possível”.
Ao Congresso em Foco, o presidente do partido, deputado federal Izalci Lucas despejou críticas ao trabalho do governador e disse que o PSDB sai da base de apoio do governo “para não deixar a terra mais arrasada para o próximo governador”. Já mirando as próximas eleições gerais, em 2018, o tucano afirmou que Rollemberg não passa confiança e não cumpre os acordos. “O que o político tem de mais importante é a palavra. Não podemos romper com o que é combinado”, ressaltou.
Leia também
Izalci, assim como a cúpula do PSDB local, está insatisfeito com a conduta de Rollemberg nas eleições para a presidência da Câmara Legislativa da semana passada. Na ocasião, o distrital peessedebista Robério Negreiros trocou de voto. Em vez de escolher o candidato governista, Agaciel Maia (PR), votou em Joe Valle (PDT) e foi determinante para a vitória do adversário de Rollemberg.
O acordo do PSDB com o governo era deixar a Segunda Secretaria da Mesa para Robério Negreiros em troca do voto do tucano em Agaciel Maia. Fazia parte do combinado também passar aos tucanos o comando de uma secretaria de governo. A inscrição do líder do governo, Rodrigo Delmasso (Podemos), para concorrer ao mesmo cargo desejado pelos tucanos revoltou Robério – que abandonou a base de Rollemberg.
PT
Outra crítica dos tucanos à gestão de Rollemberg é com relação à presença de petistas no governo. “Nunca vi um governo novo entrar e deixar a mesma equipe derrotada no comando”, comentou Izalci. O parlamentar conta que chegou a enviar para o governador uma lista com 15 pontos-chave para tirar o DF da crise. “Nem sei se ele leu”, lamentou.
Segundo os tucanos de Brasília, o desembarque do governo teve o aval da cúpula nacional do partido, entre eles, o senador Aécio Neves (MG) e o governador de São Paulo, Geraldo Alckimin. Aécio, por sua vez, foi o responsável pelo PSDB ter apoiado Rollemberg no segundo turno em 2014.
O PSDB está trabalhando em um planejamento para Brasília desde 2012, com a intenção de apresentá-lo no pleito de 2018. Um candidato carregando o número 45 não está descartado. Para isso, o partido precisa negociar também com a outra ponta da direita brasiliense, composta pelo ex-vice-governador Tadeu Filipelli (PMDB) e seus aliados.
Procurado pelo Congresso em Foco, o Palácio do Buriti não respondeu até o fechamento desta reportagem.
Leia a íntegra da nota oficial do PSDB-DF:
“Como integrante do grupo de partidos que apoiou a candidatura de Rodrigo Rollemberg no segundo turno das eleições de 2014, o PSDB-DF vem a pública declarar sua total frustração com o desempenho atual do ocupante do Palácio do Buriti.
Ao contrário do que se propalou ao longo daquela campanha, com propostas ousadas nas diversas áreas da administração pública local, o que se constata é uma situação de abandono de nossa cidade.
A qualidade dos serviços públicos nas áreas de saúde, educação e segurança se deteriora a cada dia. Não se ouve falar em nenhum projeto de modernização da mobilidade urbana em nossa cidade. E a economia local sofre com a morosidade e a inoperância da atual gestão. Enfim, Brasília padece com um desgoverno.
Sendo assim, a Executiva Regional do PSDB-DF decide, nesta data, determinar a todos os filiados que porventura ainda ocupem cargos na estrutura do Governo do Distrito Federal que peçam desligamento o mais rápido possível.
O PSDB-DF esclarece que já iniciou estudos e discussões para um projeto de reconstrução do DF e que continuará apoiando os projetos de interesse da população do DF. Entretanto, o PSDB-DF não mais reconhece no atual governo as condições para solucionar os graves que afetam nossa cidade.”