Dia normalmente calmo no Congresso, esta sexta-feira (24) acabará movimentada pela presença na Câmara dos caciques do PSD, o partido criado no ano passado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Eles estarão reunidos para discutir a estratégia e o formato de uma ação junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). A ação reivindicará o direito de o PSD comandar e ter espaço nas comissões permanentes da Câmara de forma proporcional ao tamanho da sua bancada, que tem 47 deputados. Dependendo de quando a ação for apresentada, a instalação das comissões, prevista para 7 de março, poderá atrasar.
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A entrada com um mandado de segurança para fazer valer a reivindicação da quarta maior bancada em exercício na Câmara já era desejada por parlamentares da legenda desde o ano passado. Mas o líder do partido, Guilherme Campos (SP), vinha preferindo tentar uma solução negociada com Marco Maia e com os demais líderes partidários. Depois de várias tentativas de entendimento, não houve acordo possível. E, na semana passada, Marco Maia resolveu decidir o caso pessoalmente. O presidente da Câmara baseou-se em artigo do regimento que diz que a distribuição dos cargos na comissão deve ser proporcional ao tamanho das bancadas eleitas. Como o PSD não existia nas eleições de 2010, o partido, naturalmente, não elegeu nenhum de seus deputados, que migraram para a sigla depois. Com esse entendimento, Marco Maia negou os espaços pedidos pelo PSD. Diante da decisão de Maia, restou ao partido de Kassab como única opção recorrer à Justiça.
“Estarei em Brasília amanhã (hoje) para cuidar disso, entre outras questões”, confirmou o líder do PSD na Câmara, Guilherme Campos (SP), ao Congresso em Foco. Segundo ele, na reunião, o partido, junto com seus advogados, vai definir qual a melhor forma de entrar no Supremo e quais argumentos serão usados. A expectativa é que um mandado de segurança seja apresentado.
Briga por espaço
Parlamentares ouvidos pelo site desde o ano passado defendiam a entrada no Supremo para garantir a proporcionalidade. No entanto, uma briga nos bastidores foi instalada. Os partidos que mais perderam deputados para a nova sigla se recusavam a reconhecer a bancada pessedista. Primeiro, porque uma redivisão dos espaços nas comissões ocasionaria perdas para alguns partidos. Em segundo lugar, e principalmente, pelo temor que esses partidos tinham de perder dinheiro. Os partidos desconfiam que o PSD, conquistado o espaço na Câmara, usaria isso como argumento para reivindicar também uma fatia do Fundo Partidário. O dinheiro do Fundo Partidário é dividido entre os partidos de forma proporcional aos votos que eles obtiveram nas eleições para deputado.
PublicidadeBriga do PSD é em busca do fundo partidário
Marco Maia, na tentativa de chegar a um acordo que valesse somente para a Câmara, formou uma comissão, comandada pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Imaginou-se uma solução que contemplasse o PSD sem que os demais partidos perdessem. A sugestão de Chinaglia era que duas comissões fossem desmembradas, criando, assim, dois postos para os pessedistas. Já a participação em outros colegiados dependeria das vagas existentes. O que sobrasse, seria destinado à nova bancada. Não se chegou a um acordo para essa solução.
Com a falta de acordo, Maia decidiu na semana passada manter o que prevê o regimento interno da Câmara: a proporcionalidade vai obedecer ao resultado das urnas em 2010, quando o PSD não existia ainda. O partido foi criado no ano passado. Na sexta-feira passada (17), o deputado Hugo Napoleão (PSD-PI) recorreu da decisão do presidente da Casa. Internamente, o PSD não tem muita esperança de conseguir reverter a decisão. “Foi muito mais uma posição pró-forma, para ratificar todos os trâmites dentro da Casa”, explicou Guilherme Campos.
O presidente da Câmara, em viagem oficial para reunião do G20 parlamentar na Arábia Saudita, só volta a Brasília na segunda-feira (27). Somente depois de reassumir o comando da Casa é que ele vai analisar e tomar uma posição sobre o recurso.
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