Em 2013, ano das manifestações que tiveram início em protesto contra o aumento de R$ 0,20 das passagens de ônibus no Rio de Janeiro, a filha do empresário Jacob Barata Filho, um dos maiores empresários do ramo de transporte público do Rio, Beatriz Perissé Barata, se casou com o herdeiro do ex-deputado federal do Ceará e dono da maior empresa do setor no estado conhecido por Chiquinho Feitosa, o Francisco Feitosa Filho.
O evento, assim como as manifestações pelo aumento no valor do transporte público, também foi marcado por protestos. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, apadrinhou o casal e esteve presente na recepção, realizada dia 14 de julho daquele ano.
Além do magistrado como convidado, a cerimônia contou com os colecionadores de arte Sergio e Hecilda Fadel, que recentemente receberam a ex-presidenta Dilma Rousseff para jantar em casa, no Rio, e cuja filha é casada com o filho do ex-ministro das Minas e Energia Edison Lobão, além de colunistas sociais do Rio e de Fortaleza.
Em operação deflagrada pela Polícia Federal em conjunto com o Ministério Público Federal, no último domingo (2), Jacob Barata Filho foi detido ao tentar embarcar para Portugal no aeroporto internacional Tom Jobim. Investigado pela Lava Jato, ele era monitorado sob suspeita de ter pago milhões de propinas para políticos nos últimos anos. A prisão foi decretada quando os investigadores suspeitaram que ele fugiria do país por portar apenas uma passagem de ida para Lisboa.
O objetivo da investigação era desarticular uma organização criminosa que atuava no setor de transportes urbanos do estado do Rio de Janeiro. A Operação Ponto Final, de acordo com informações da PF, foi realizada nos municípios do Rio de Janeiro e Florianópolis (SC) e envolveu cerca de 80 policiais federais, nove mandados de prisão preventiva, três de prisão temporária e 30 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.No casamento da filha, os protestos tiveram início diante da Igreja Nossa Senhora do Monte do Carmo e seguiram para o local da festa, o Copacabana Palace. Um grupo de cerca de 60 pessoas se reuniu com cartazes. Uma jovem vestida de noiva e alguns homens de terno vaiavam convidados e entoavam gritos na porta do local onde ocorria o evento. Além disso, distribuíam baratas de plástico para os convidados. Um dos cartazes dizia: “Dona Baratinha, vá de ônibus para o Copacabana Palace”. Outro tinha os dizeres: “Pego ônibus lotado, me dá um bem casado!”. De acordo com informações de matérias divulgadas à época, o empresário Jacob Barata, avô da noiva, chegou em uma Mercedes Benz.
No Copacabana Palace, o grupo cresceu e chegou a reunir 150 pessoas. A polícia precisou fazer um cordão de isolamento para a passagem dos noivos. Da varanda, convidados rebatiam as provocações verbais atirando bem-casados e aviõezinhos de notas de R$ 20. Um deles atirou um cinzeiro de vidro, que atingiu a cabeça de um manifestante. A vítima precisou levar seis pontos. A tropa de choque foi acionada e jogou bombas de gás lacrimogênio, atirou com balas de borracha e usou spray de pimenta contra os manifestantes.
Na ocasião, a socialite, jornalista e ex-atriz Hildegard Angel publicou relato sobre o evento no blog pessoal que mantém. “No Golden Room, a apoteose do deslumbramento. O decorador Antonio Neves da Rocha plantou no meio do salão uma árvore frondosa, com os galhos alastrando-se por toda a área do teto, de onde pendiam fios com lampadário e buquês de flores. O chão coberto com grama. E a iluminação causava a sensação de se estar numa floresta-lounge, com estofados pretos”, descreveu. “Todo esse décor serviu de cenário à mais fantástica coleção de vestidos jamais reunida numa festa no Rio de Janeiro”, completou.
Leia também:
Ex-procurador-geral da República pede impeachment de Gilmar Mendes
Deixe um comentário