O PRB confirmou nesta quinta-feira (22) o lançamento da pré-candidatura do deputado João Campos (GO) à presidência da Câmara. Pastor da Assembleia de Deus e delegado da Polícia Civil, Campos diz ter o apoio da frente parlamentar evangélica e que vai trabalhar para conquistar os votos da bancada da bala, das quais é integrante. O deputado condicionava sua candidatura à decisão do líder do partido, Celso Russomanno (SP), de desistir da disputa, o que ocorreu ontem.
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“Posso falar com o presidente Jair Bolsonaro, é sempre bom ter o apoio do presidente, mas vou focar no meu eleitorado. Vou buscar o apoio da frente da segurança pública, da bancada do meu estado e de cada um dos outros 512 deputados”, disse o deputado ao Congresso em Foco.
Próximo a Bolsonaro, João Campos é apontado como um nome que agrada ao presidente eleito. Os dois se encontraram duas vezes entre o primeiro e o segundo turno no Rio. Na primeira oportunidade, o parlamentar goiano integrava uma comitiva da frente parlamentar evangélica. Coube ao atual coordenador da bancada, deputado Takayama (PSC-PR), informar a Bolsonaro que Campos será candidato. Segundo Campos, o presidente eleito apenas sorriu.
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Na semana seguinte, o deputado do PRB voltou a visitar Bolsonaro como integrante da bancada da bala. Mais uma vez seu nome foi lembrado como postulante ao comando da Câmara. João Campos diz que nunca ouviu de Bolsonaro que ele é o candidato de sua preferência, mas tomou conhecimento dessa informação por meio de outros colegas.
Pauta conservadora
PublicidadeJoão Campos assumiu com a bancada evangélica compromisso de pautar uma agenda conservadora nos costumes e mais rigorosa na área da segurança pública. Entre as propostas que ele pautaria de imediato estão o Estatuto do Nascituro (que endurece a legislação anti-aborto), o Estatuto da Família (que não reconhece como família a união entre pessoas do mesmo sexo), o projeto da Escola Sem Partido e outras iniciativas que reforçam, na avaliação dele, a liberdade religiosa no país. Propostas mais “progressistas”, de acordo com o deputado, poderiam ser incluídas a pedido do colégio de líderes.
João Campos diz que, se eleito, vai defender que a Câmara priorize a votação da reforma tributária, relatada pelo deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), e que só depois vote a reforma da Previdência. Para ele, a reforma tributária é a mais fácil de ser aprovada por não enfrentar grandes resistências e pelo grande impacto que terá na vida do país. A reforma previdenciária, segundo o pré-candidato, poderia vir na sequência.
Estatuto do Desarmamento
Ele adiantou algumas proposições da área da segurança pública que pretende pautar. Parte delas, ressaltou, coincide com a agenda do presidente eleito. Campos defende que seja votada a ampliação do limite de cumprimento de pena no Brasil, dos atuais 30 para 30 anos. Ele apoia a flexibilização, e não a revogação, do Estatuto do Desarmamento. Para ele, o projeto do deputado Peninha (MDB-SC) tem bons pontos, mas exagera ao derrubar todo o estatuto. Também quer rever para tornar mais rígidas as regras para progressão de pena, livramento condicional e saídas temporárias de presidiários.
João Campos vê em Rodrigo Maia seu grande concorrente, já que está no comando da Casa e recebeu o apoio de partidos da esquerda em sua primeira eleição. O deputado também defenderá, em sua candidatura, a abertura de novos espaços de comunicação entre a sociedade e a Câmara. Para ele, é preciso “reconectar” a sociedade com o Parlamento. Isso se daria, segundo Campos, pela abertura de espaço para que a população ajude a definir a pauta por meio de manifestações pela internet. “Estou em paz, mas determinado. Quero e vou ganhar essa eleição”, disse.