Quer deixar um candidato sem graça? Pergunte a ele: por que eu devo votar em você? Por incrível que pareça, quase ninguém se prepara para essa pergunta, quase ninguém entra em uma eleição tendo estudado e se preparado para resolver os problemas reais das pessoas.
Muito provavelmente, ele usará a senha da renovação para escapar da saia justa. Ele dirá: “Vote em mim porque eu sou o novo”. Daí, você pode espremê-lo mais um pouco: “Ok, mas por que você é a renovação que nós precisamos? O que você quer mudar, onde você vai atuar”? Nessa hora, ou ele vai recorrer à famosa plataforma “sou o candidato da saúde, segurança e educação”, ou já terá dado o fora.
O mandato parlamentar, que deveria ser função pública, um cargo a ser ocupado por um cidadão eleito por um determinado período, tornou-se uma carreira de elite no Brasil. Por isso, o que a maioria dos candidatos diria se pudesse responder sinceramente à sua pergunta seria: “Sou candidato porque eu quero todas as vantagens inerentes a este emprego”.
Uma vez dentro do sistema, o indivíduo parece ser engolido por uma fumaça de privilégios que o “aprisiona” e o impede de se comunicar com qualquer coisa fora daquela atmosfera. Diversas pesquisas realizadas no último mês apontam o descrédito da população quanto ao funcionamento da democracia e das instituições democráticas, resultado mais do que esperado diante dessa triste verdade.
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O quadro é ainda mais complexo se levarmos em consideração que a sensação de acefalia, de falta de quadros competentes pensando e executando políticas públicas surge num momento de mudança de paradigmas, em que a sociedade, ultraconectada, tem demandas muito diferentes das que tinha há duas, três décadas.
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Por isso, para escolher a mudança necessária, comece observando se apessoa tem qualificação para os desafios que Brasília precisa enfrentar.
Por exemplo: hoje precisamos de cidades inteligentes, em que as pessoas tenham acesso, perto de suas residências, a bons serviços de saúde,educação, cultura, a alternativas locais de emprego e renda. Que, se for necessário, possam se locomover com equipamentos urbanos de qualidade e integrados.
A construção desses modelos exige que o poder público disponha de tecnologia e de capacidade de fazer parcerias com uma sociedade civilizada e organizada. Políticos que não dialogam com a sociedade e que tomam sucessivas decisões à revelia da opinião pública não estão à altura dessa tarefa.
Quem responder à pergunta “Por que eu devo votar em você?” sem uma visão cuidadosa dessas questões, pode acreditar, não fará bem para Brasília. A renovação tem que ser qualificada, sob pena de piorarmos o que já é muito ruim.
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