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No depoimento, Calero diz que o presidente Temer o “enquadrou” no sentido de encontrar uma “saída” para a liberação do empreendimento. Com os desdobramentos do caso Geddel, observa Kennedy, a crise adentra o gabinete presidencial. O titular da Secretaria de Governo queria a liberação do prédio de 30 andares em que uma unidade custa entre R$ 2,6 milhões e R$ 4,7 milhões, como este site mostrou no último sábado (19).
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No depoimento, Calero detalha a mencionada pressão de Temer e a “irritação” de Geddel. “[O depoente declara] que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel Temer a comparecer no Palácio do Planalto; que nesta reunião o presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado ‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel encontrava-se bastante irritado; que então o presidente disse ao depoente para que construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU [Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma solução”, diz o ex-ministro, em transcrição encaminhada ao Supremo, em seguida encaminhada por Cármen à PGR.
Na sequência do depoimento, Calero diz que o presidente encarava com naturalidade o fato de Geddel pressioná-lo para obter proveito particular. O jornal lembra que Geddel é o principal articulador político na gestão Temer e é amigo do peeemedebista há mais de duas décadas. “Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão’”, registra a PF em outro trecho do depoimento. O ex-ministro da Cultura diz ainda ter se sentido “decepcionado” com a postura de Temer, por tê-lo “enquadrado”, de maneira que “sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão”.
Depois das novas revelações, a oposição ao governo Temer já começou a articular um pedido de impeachment contra o peemedebista. Para Lindbergh Farias (PT-RJ), que iniciou as movimentações com a colega Gleisi Hoffmann (PT-PR), “é bizarro um presidente da República utilizar seu cargo para defender interesses de um ministro”.
PublicidadeQuestão de hábito
Ainda segundo Kennedy, interlocutores de Temer ouviram que o presidente sugeriu o envio do caso à Advocacia-Geral da União (AGU) depois de Calero ter dito que não tomaria providências. Nesse sentido, avalia o jornalista, “quando há embates entre ministérios e órgãos do governo a respeito de uma política pública ou de uma autorização federal, é natural que se peça um posicionamento à AGU”.
“Aliados de Temer defenderam o presidente, sustentando que ele não pressionou Calero e não tem o hábito de agir assim”, finaliza o jornalista.
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