O senador Sérgio Souza (PMDB-PR) apresentou nesta quarta-feira (3) à Comissão de Agricultura do Senado um requerimento de convite para que ministro da Agricultura, Wagner Rossi, fale sobre as denúncias de corrupção feitas à revista Veja pelo ex-diretor da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Oscar Jucá Neto – irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá (RR). Com a iniciativa, a bancada peemedebista no Senado antecipa-se a uma eventual investida da oposição contra Rossi, na esteira da crise no Ministério dos Transportes – que resultou na queda do ex-ministro Alfredo Nascimento, senador pelo Amazonas, e do diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot, ambos do governista PR.
Instantes após a formalização do requerimento, Sérgio disse ao Congresso em Foco que o convite não constrangeria ainda mais Jucá – que, para evitar problemas com o Planalto, pediu pessoalmente desculpas à presidenta Dilma Rousseff pelas “bobagens” ditas pelo irmão. Para o senador paranaense, Rossi, peemedebista indicado àquele ministério pelo vice-presidente da República, Michel Temer, apenas comentaria “assuntos da pasta”, sem qualquer problema para o líder do governo.
“Não vai causar conflito, de maneira alguma. O senador Jucá também é do PMDB, e inclusive eu já o consultei, conversei com ele antes de fazer esse requerimento”, ponderou Sérgio Souza, dizendo não ser “a pessoa adequada” para comentar as questões referentes à Conab que envolvem Jucá ou seu irmão. “Mas eu sou solidário ao senador Jucá, porque se o irmão dele queria falar [à Veja], tinha a obrigação de falar antes com o próprio irmão. Tinha de ter discutido isso. Não quero dizer que não seja transparente, agora, tem de ver se o que ele [Jucazinho] falou é verdadeiro também.”
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No requerimento de convite, o PMDB quer apenas que Rossi discorra sobre o “desempenho da pasta”. “Não especificamos quais são os assuntos. O PMDB não tem receios contra isso [as denúncias de Jucazinho], o PMDB quer mostrar também querer que qualquer suspeita venha a ser esclarecida. E nada melhor que seja aqui no Senado”, declarou o senador, que é suplente da ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Ele acredita que o requerimento, subscrito pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), e por Luiz Henrique da Silveira (SC), possa ser aprovado já nesta quinta-feira (4) pelos integrantes da Comissão de Agricultura.
Mais cedo, também a convite do PMDB na Câmara, Rossi disse que as declarações de Jucazinho, como é conhecido o ex-diretor, são uma manifestação de “ressentimento” por ele ter sido demitido após ter autorizado pagamento irregular de R$ 8 milhões. E que Jucá intercedeu para que, mesmo com o deslize, Jucazinho fosse mantido no posto.
Confira:
Jucá pediu para manter irmão na Conab, diz Rossi
Segundo a reportagem da revista Veja, Jucazinho disse que a Conab está atrasando um pagamento determinado por decisão judicial à Caramuru Alimentos, um dos maiores armazéns do país, para barganhar uma comissão de R$ 5 milhões a ser incluída no valor da dívida de maneira fraudulenta. Jucá Neto acusou ainda a Conab de vender um terreno em Brasília por preço abaixo do mercado para um amigo do senador Gim Argello (PTB-DF).
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