O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira (4) o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) de 2021. E o crescimento ficou acima do que previam inicialmente os analistas. Com relação a 2020, o PIB cresceu 4,6%. Houve crescimentos na indústria (4,5%) e nos serviços. Em contrapartida, houve queda na agropecuária (-0,2%).
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O PIB é o principal indicador da riqueza do país. É a soma de todos os bens e serviços durante um determinado período (no caso do Brasil, um ano). É o principal indicador da atividade econômica do país. De acordo com o IBGE, o PIB de 2021 somou R$ 8,7 trilhões. O PIB per capita (o valor dividido pela população) ficou em R$ 40.688,1, com um avanço real de 3,9% em comparação com o ano anterior.
A taxa de investimento foi de 19,2% do PIB, acima do observado no ano anterior (16,6%). Também cresceu a taxa de poupança: 17,4% contra 14,7% em 2020.
Considerando períodos sazonais abaixo do ano inteiro, também houve crescimento. Frente ao terceiro trimestre, houve um crescimento de 0,5%.
Recuperação da economia em V
PublicidadeDiante dos números positivos de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados pelo IBGE, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Economia divulgou nota técnica em que comemora os resultados, apontando que eles refletem a previsão que fazia o ministro Paulo Guedes de que a economia brasileira se recuperaria “em V”.
O termo usado por Guedes é uma designação que vem da forma da letra “V”. Depois de uma linha para baixo, uma queda na primeira perna da letra, há uma linha para cima igual, ou seja, uma subida na mesma proporção na segunda perna.
“A economia brasileira cresceu 4,6% em 2021. O resultado mais que compensa a queda de 3,9% em 2020, causada pelas consequências da pandemia da Covid-19. Com tal resultado, observa-se que a economia brasileira recuperou o nível da atividade anterior à pandemia, mostrando uma recuperação econômica em ‘V’”, diz a nota.
Em comentário em áudio exclusivo para os assinantes do Congresso em Foco Insider, o economista e cientista político Ricardo de João Braga afirma que a avaliação do governo parece ser mais uma “torcida” do que a constatação de algo realmente sustentável. Para que realmente houvesse a perspectiva de um cenário mais favorável, seria necessário enxergar medidas concretas adotadas internamente. Além disso, há as incertezas do cenário externo, com a guerra agora entre a Rússia e a Ucrânia, considera.
O Ministério da Economia observa que o crescimento observado no Brasil foi maior que de todos os demais países do G-7, com exceção dos Estados Unidos. Com relação ao G-20, foi maior que a mediana do grupo. “Ademais, observa-se que o crescimento da atividade no último biênio supera a variação dos principais países europeus e de alguns emergentes, como México e Argentina”, acrescenta a nota.
O Ministério da Economia aponta para novas perspectivas positivas para este ano. “Para 2022, há fatores positivos, como a continuidade da retomada do mercado de trabalho (…) Segundo os dados da PNAD Contínua, no 4T21 foram criados 3,6 milhões de vagas de trabalho. Nota-se que as taxas de participação e o nível de ocupação estão retornando às médias históricas, e há rápido declínio da taxa de desemprego, alcançando 11,1% ao final de 2021, o menor patamar desde dez/19”, diz a nota técnica.
“Outro destaque é a boa perspectiva dos investimentos privados, que segundo os indicadores de produção de bens de capital e sondagem com empresários sugerem um cenário positivo para 2022. Ademais, os dados do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) indicam que deverão ser investidos cerca de R$ 78 bilhões neste ano. Desta forma, o impacto esperado da ampliação dos projetos do PPI para 2022 no investimento será de R$ 38 bilhões, o que representa 2,3% a mais de FBCF e 0,4% a mais de PIB, em relação aos valores estimados para 2021”, diz ainda o texto.
A nota, no entanto, pondera para os riscos da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que podem acabar impactando negativamente a economia brasileira. “Entretanto, deve-se monitorar a evolução do cenário internacional em virtude do conflito no Leste Europeu”, pondera.
O comunicado reforça um posicionamento com relação ao conflito que não exatamente coincide com a postura do presidente Jair Bolsonaro, que em Moscou chegou a se declarar “solidário” ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, e depois vem pregando um posicionamento de maior neutralidade. Mas destaca que em três oportunidades a diplomacia brasileira se declarou contrária à invasão da Ucrânia.
“Com o cenário internacional adverso, cabe ao Brasil, além dos posicionamentos diplomáticos e humanitários (em três oportunidades já se posicionou na ONU condenando a invasão da Rússia à Ucrânia; ressalta-se ainda que o Brasil emitirá vistos especiais aos refugiados), mostrar que é um porto seguro para os investimentos privados”, defende o texto.