Os ex-governadores do Estado do Rio de Janeiro Anthony e Rosinha Garotinho foram presos na manhã desta quarta-feira (22). O casal foi preso em operação deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (22). Os mandados de prisão foram expedidos pelo juiz Glaucenir de Oliveira, titular da 98ª Zona Eleitoral de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense.
Ao lado de outras seis pessoas, os dois são acusados de integrarem uma organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo de financiar as próprias campanhas eleitorais e a de aliados, inclusive mediante extorsão. O esquema, segundo o Ministério Público Federal (MPF), funcionou nas eleições de 2010, 2012, 2014 e 2016.
Para o MPF, autor do pedido de prisão, o casal faz parte de uma organização criminosa que ainda está em atividade, tentando intimidar testemunhas e obstruir as investigações. O esquema aponta ainda ligação com repasses da JBS e foram revelados pelo executivo da empresa Ricardo Saud , em delação premiada.
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A operação da PF está sendo realizada em Campos dos Goytacazes, no Norte do Estado do Rio. Um dos alvos é o ex-secretário de governo da ex-prefeita Rosinha Garotinho. Os agentes realizaram buscas na casa do ex-secretário e ele foi levado para a sede da polícia federal na cidade.
Rosinha foi levada para a sede da Polícia Federal em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Anthony estava no Rio de Janeiro, em seu apartamento na Praia do Flamengo, na zona sul da cidade, quando foi detido. Garotinho foi governador do Rio entre 1999 e 2002 e deputado federal pelo Estado, além de ter exercido cargo de secretário municipal de Segurança em Campos.
A Polícia Federal informou que eles são acusados da prática dos crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação das contas eleitorais. De acordo com a nota, a Polícia Federal e o Ministério Público Estadual identificaram elementos que comprovam que uma grande empresa do ramo de processamento de carnes firmou contrato fraudulento com outra empresa, sediada no município de Macaé, também no estado do Rio, para a prestação de serviços na área de informática.
“Suspeita-se que os serviços não eram efetivamente prestados e que o contrato, no valor de aproximadamente R$ 3 milhões, era apenas [fachada] para o repasse irregular de valores para utilização em campanhas eleitorais”, diz a nota.
A PF também tinha informações de que o ex-governador cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos, “exigindo pagamento para que os contratos fossem honrados pelo Poder Público do município”. Na nota, é anunciada ainda a prisão de um ex-secretário municipal, cujo nome não foi divulgado.
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Em nota, a assessoria de Garotinho chamou a decisão do magistrado de “perseguição” por ter denunciado o governo de Sérgio Cabral. (leia íntegra da manifestação abaixo)
Garotinho já foi preso outras duas vezes com base na Operação Chequinho. Levado pelos policiais em novembro do ano passado, ele logo conseguiu o benefício da prisão domiciliar. Semanas depois a decisão foi revogada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em setembro, o ex-governador do Rio foi preso pela Polícia Federal enquanto apresentava seu programa na Rádio Tupi, em São Cristóvão, na capital fluminense, mas estava em prisão domiciliar.
Cheque Cidadão
Na Operação Chequinho, de acordo com a Justiça, quando era secretário de Governo da administração de Rosinha, em Campos, Garotinho desviou R$ 11 milhões do programa municipal Cheque Cidadão, de assistência a famílias carentes, para um esquema paralelo pelo qual candidatos a vereador distribuíam cartões eletrônicos, com R$ 200 cada, para potenciais eleitores. Foram cadastrados de maneira irregular, de acordo com a acusação, 17.500 eleitores. Com isso, segundo Manhães e o Ministério Público, o ex-governador pretendia garantir forte base de apoio ao seu candidato à prefeitura Dr. Chicão (PR), que acabou derrotado.
Em junho o Ministério Público pediu a prisão preventiva do ex-governador após uma testemunha da Operação Chequinho ter denunciado que sofria ameças do grupo político dele. Considerada testemunha-chave, Elizabeth Gonçalves dos Santos, ex-funcionária da secretaria municipal de Desenvolvimento Humano e Social de Campos contou detalhes sobre o funcionamento do esquema depois de ter sido presa no ano passado.
Leia íntegra da nota publicada pela assessoria de Garotinho:
“Nota oficial de Garotinho
Querem calar o Garotinho mais uma vez
O ex-governador Anthony Garotinho atribui a operação de hoje a mais um capítulo da perseguição que vem sofrendo desde que denunciou o esquema do governo Cabral na Assembleia Legislativa e as irregularidades praticadas pelo desembargador Luiz Zveiter.
O ex-governador afirma que tanto isso é verdade que quem assina o seu pedido de prisão é o juiz Glaucenir de Oliveira, o mesmo que decretou a primeira prisão de Garotinho, no ano passado, logo após ele ter denunciado Zveiter à Procuradoria Geral da República.
Garotinho afirma ainda que nem ele nem nenhum dos acusados cometeu crime algum e, conforme disse ontem no seu programa de rádio, foi alertado por um agente penitenciário a respeito de uma reunião entre Sergio Cabral e Jorge Picciani, durante a primeira prisão do deputado em Benfica. Na ocasião, o presidente da Alerj teria afirmado que iria dar um tiro na cara de Garotinho.
Agora, a ordem de prisão do juiz Glaucenir é para que Garotinho vá com sua esposa para Benfica, justamente onde estão os presos da Lava Jato.
Cabe frisar que essa a operação à qual Garotinho e Rosinha respondem não tem relação alguma com a Lava Jato.”
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