Em laudo juntado nesta quarta-feira (16) ao processo contra o ex-presidente Lula, referente às obras no sítio de Atibaia, no interior de São Paulo, a Polícia Federal (PF) diz não ter encontrado menções ao imóvel nos sistemas usados pela Odebrecht para gerenciar o pagamento de propinas. Contudo, os peritos apontam uma planilha que registra os gastos do caixa 2 da empreiteira com reformas no sítio em Atibaia (SP), usado pelo ex-presidente. O documento foi anexado à ação penal em que Lula é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
<< Toffoli nega pedido do ex-presidente Lula para tirar de Moro ação sobre sítio em Atibaia
Leia também
Publicidade
Os peritos analisaram 11 discos rígidos e dois pendrives que contêm os dados dos sistemas Drousys e MyWebDay, utilizados pelo Setor de Operações Estruturadas, o chamado departamento de propinas da empreiteira.
“Não foram encontradas, no contexto da ação penal, até a data de emissão deste laudo, nas pesquisas efetuadas no material examinado (Sistema Drousys e Sistema MyWebDay), documentos ou lançamentos que façam referências a termos tais como Atibaia, Sítio e Santa Bárbara”, diz o laudo.
Os peritos também confirmam a autenticidade e integridade dos dados analisados. Ao responderem questão formulada pela defesa do petista, os peritos confirmam o lançamento de R$ 700 mil em referência à obra Aquapolo, apontada pelo ex-engenheiro e delator da Odebrecht Emyr Diniz Costa Júnior como dissimulação para custeio da obra.
O delator apresentou documentos para comprovar ter recebido dois pagamentos que totalizavam R$ 700 mil, em dezembro de 2010, que seriam utilizados para custear materiais e serviços da reforma do sítio em Atibaia.
PublicidadeCaixa dois
De acordo com a força-tarefa da Operação Lava Jato, o sítio pertence ao ex-presidente Lula e as reformas foram custeadas como forma de repasse dissimulado de propina. Segundo os procuradores, o ex-presidente recebeu propina de R$ 1,02 milhão de Odebrecht, OAS e Schahin por meio de obras feitas no imóvel.
Costa Júnior entregou ao juiz Sérgio Moro uma planilha no mesmo valor, em novembro de 2017 e, segundo o engenheiro, o pagamento teria saído do departamento de propinas da empreiteira.
Segundo o laudo, foram identificados dois pagamentos de R$ 300 mil e R$ 400 mil que totalizam os R$ 700 mil usados em Atibaia. Os valores, de acordo com os peritos, saíram da obra “UO011203 –AQUAPOLO”. A obra é a mesma cujo nome aparece nos documentos apresentados pelo engenheiro da Odebrecht à Justiça Federal no Paraná.
Para os peritos, os valores têm origem em obras da Petrobras. A defesa do ex-presidente Lula nega que ele tenha recebido benefícios ou vantagens indevidas.
Com informações da Agência Brasil
<< Palocci sugeriu pagamento via caixa 2 no exterior para campanha de Lula, diz João Santana
Impressionante como o Congresso em Foco tem embarcado alegremente na narrativa lulista, sem qualquer senso crítico. Versão de advogado agora virou fato e manchete por aqui. Reproduzo a nota de O Antagonista:
“A Lava Jato, como disse Claudio Dantas, adora a defesa de Lula, em particular de Cristiano Zanin.
Depois de pedir à PF um laudo que ajudou a enterrar seu cliente, o advogado lulista tentou argumentar que os peritos não encontraram no departamento de propinas da Odebrecht as provas dos pagamentos da reforma do sítio de Atibaia.
É mentira, claro.
O laudo corroborou o relato dos delatores Marcelo Odebrecht e Emyr Costa Júnior, que retirou 700 mil reais em espécie do caixa clandestino da empreiteira para pagar as despesas de Lula, com a senha “UO011203 – AQUAPOLO”.
Duas reportagens da Crusoé já haviam esclarecido esse fato”.