Um dos nove governadores que passarão a ser investigados no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por determinação do ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), o peemedebista Luiz Fernando Pezão, do Rio de Janeiro, recebeu propina da Odebrecht, empresa pivô do esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal na Petrobras. A acusação foi feita à força-tarefa da Lava Jato por dois delatores da empreiteira, um deles o ex-diretor da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa da Silva Júnior, chefe do “sistema de operações estruturadas” – ou simplesmente “departamento da propina”, como o setor ficou popularmente conhecido. No vídeo abaixo, veja a íntegra do depoimento de Benedicto sobre o caso.
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Segundo as delações, os recursos desviados foram transferidos a Pezão pessoalmente ou depositado em contas no exterior, e registrado em contabilidade paralela da empreiteira. Não há especificação de valores na petição tornada pública por Fachin (íntegra da Pet. 6745) e divulgada em primeira mão pelo jornal O Estado de S. Paulo na última terça-feira (11).
“No primeiro trimestre de 2014, o governador Sérgio Cabral definiu que o candidato à eleição para substituí-lo deveria ser o vice-governador, Luiz Fernando Pezão. Ele me convocou para uma reunião no Palácio da Guanabara, onde me pediu que, por conta das obras que ele estava executando, que eu fizesse novos pagamentos ilícitos, de forma a atender à campanha de Pezão. Eu disse a ele que iria discutir [o assunto] com meu diretor-superintendente, mas que não via problema”, relator Benedicto.
Além de Benedicto Júnior, também relatou o recebimento de propina por Pezão o seu braço-direito e diretor da Odebrecht Infraestrutura no Rio de Janeiro, Leandro Andrade Azevedo.
Assista a trecho do depoimento de Benedicto Júnior:
O governador do Rio tem afirmado que um pedido de investigação correlato contra ele já foi arquivado no STJ – tal processo teve origem em depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que em delação premiada declarou que Pezão participou de reunião em que o ex-governador do Rio Sérgio Cabral, um dos presos da Lava Jato, pediu R$ 30 milhões de caixa dois do esquema de desvio de recursos da Petrobras.
Um outra investigação, o advogado Jonas Lopes Neto, filho do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado Rio de Janeiro Jonas Lopes de Carvalho, disse que Pezão foi agraciado com R$ 900 mil por meio de outro esquema, este em funcionamento no TCE-RJ: segundo Jonas, o subsecretário adjunto de Comunicação do governo do Rio, Marcelo Amorim, relatou-lhe ter coletado o montante em empresas do ramo da alimentação, com o objetivo de bancar “despesas pessoais” de Pezão – relato negado pelo subsecretário. Considerado um dos operadores do esquema, Amorim é casado com uma sobrinha do governador, que classificou a denúncia como “mentira deslavada” e anunciou processo judicial contra Jonas.