A ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, que acusa a atual presidente Graça Foster de ter se omitido diante de seus alertas de irregularidade, é responsabilizada por uma sindicância interna da empresa por prejuízos de R$ 25 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
A sindicância responsabiliza Venina por quatro irregularidades. Segundo o Estadão, a ex-gerente é acusada de omitir informações da Diretoria Executiva sobre mudanças de valores e objetos em contratos, de incluir empresas do cartel que não atendiam ao critério de seleção, após início do processo licitatório, não apresentar parecer jurídico para aprovação de contrato e ter cometido erro formal na inclusão de empresa em concorrência. De acordo com comissão interna, a então gerente de Abastecimento desconsiderou descontos de R$ 25 milhões que haviam sido negociados com a empresa Aluna para o fornecimento de casa de máquinas da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Assédio moral
Venina, por sua vez, decidiu processar a Petrobras na Justiça trabalhista por assédio moral e por ter reduzido seu salário, de R$ 69,1 mil para R$ 24,2 mil, desde que retornou de Cingapura, informa a Folha de S. Paulo.
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Ao todo, a sindicância interna da Petrobras aponta nove irregularidades que elevaram em R$ 4 bilhões os custos da refinaria de Abreu e Lima. Iniciada em 2007, a obra foi orçada inicialmente em R$ 2,5 bilhões. Já consumiu R$ 24 bilhões, e ainda não foi concluída. Os custos foram elevados, sobretudo, pela tentativa de antecipar a entrega da refinaria para agosto de 2010, antes das eleições presidenciais.
PublicidadeSegundo os repórteres Ricardo Brandt e Fausto Macedo, o documento de 88 páginas responsabiliza, além de Venina, o ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, os ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento) e Renato Duque (Serviços). Com exceção da ex-gerente, os demais são alvos das investigações da Operação Lava Jato. Paulo Roberto e Barusco são réus confessos e colaboram com as apurações em troca da redução da pena. Segundo eles, o esquema de corrupção e propina na Petrobras beneficiava diretamente políticos do PT, do PMDB e do PP, que arrecadavam de 1% a 3% nos contratos firmados pela estatal.
A comissão de sindicância analisou ao todo 23 contratos de um total de 202 assinados entre julho de 2007 e maio de 2011. O advogado Ubiratan Mattos, que representa Venina, disse ao Estadão que o relatório da Petrobras é “incompleto e lacônico”. Segundo ele, sua cliente participou da investigação interna como “mera colaboradora” e sofreu violação aos “seus direitos ao devido processo legal, ao contraditório e à ampla defesa”.
Troca de acusações
Em entrevista ao Fantástico, no último domingo, Venina disse que alertou pessoalmente a atual presidente da empresa, Graça Foster, sobre irregularidades cometidas na estatal. As advertências, segundo ela, ocorreram por e-mail e em contato pessoal, em 2008, quando Graça ainda era diretora de Gás e Energia da companhia, cargo que exerceu entre 2007 e 2012.
Venina conta que enviou e-mails às instâncias superiores da Petrobras alertando para problemas nos gastos de comunicação na Diretoria de Abastecimento, nas obras da Refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco, e nas negociações de óleo combustível na Ásia. Mas nenhuma providência foi tomada. Graça alega que a ex-gerente foi vaga nas denúncias e só detalhou os problemas constatados após ser responsabilizada pela comissão interna.
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